Liviu Librescu: O sobrevivente do Holocausto que se sacrificou na Virginia Tech
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Era manhã de 16 de abril de 2007 quando a Universidade Virginia Tech foi surpreendida por um atirador. Sem pensar duas vezes, porém, Liviu Librescu, um professor de 76 anos de idade, usou seu frágil corpo para barrar o autor do atentado, permitindo que seus alunos escapassem pelas janelas.
O professor herói era natural de Ploieşti, na Romênia, e, tendo nascido em 18 de agosto de 1930, viveu em uma época em que ser judeu significava viver sob ameaça constante. Tudo piorou quando seu país aliou-se à Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial e Librescu, ainda garoto, foi enviado a um campo de concentração e, posteriormente, a um gueto em Focsani. Felizmente, o romeno, e também sua futura esposa, Marlena, sobreviveram.
"Estávamos na Romênia durante a Segunda Guerra Mundial e éramos judeus entre os alemães e entre os romenos antissemitas", lembrou Marlena, conforme relatado pela Associated Press.
Vale destacar que, de acordo com um relatório emitido em 2004 por um painel internacional, entre 280.000 e 380.000 judeus romenos e ucranianos foram mortos pela Romênia durante a Segunda Guerra Mundial.
Após a guerra
Após a guerra, Librescu seguiu o caminho da ciência, mais especificamente o da engenharia aeroespacial, destacando-se rapidamente. No entanto, sua recusa em jurar lealdade ao regime de Nicolae Ceaușescu, político comunista romeno, quase lhe custou a carreira.
Impedido de publicar em seu próprio país, contrabandeava artigos científicos para o exterior. De acordo com o portal All That's Interesting, foi um desses manuscritos, publicado na Holanda, que atraiu atenção internacional e abriu uma porta de saída: com o apoio do então primeiro-ministro de Israel, Menachem Begin, Liviu e sua família conseguiram deixar a Romênia.

Para os EUA
Estabelecido em Israel, Livrescu lecionou na Universidade de Tel Aviv e, mais tarde, partiu em licença sabática rumo aos Estados Unidos.
Mas que era para ser uma passagem temporária se tornou permanente. Em solo americano, o sobrevivente encontrou não apenas um novo lar, mas também uma missão: ensinar. Mesmo após ultrapassar a idade da aposentadoria, Librescu seguia em sala de aula, guiado pela paixão e pela liberdade de pensar.
Eu gostaria de ser livre como um pássaro e voar para todos os lugares", declarou certa vez.
E voou alto: publicou centenas de artigos, orientou incontáveis estudantes, e foi reconhecido como um dos mais respeitados pesquisadores da Universidade Virginia Tech.

Massacre na universidade
Na manhã do massacre da Virginia Tech, enquanto o atirador Seung-Hui Cho invadia o prédio Norris Hall, Librescu compreendeu rapidamente o que estava em jogo.
Ele instruiu seus alunos a quebrarem as janelas e escaparem, e usou seu próprio corpo para manter a porta fechada — mesmo sob uma chuva de balas. Ele foi atingido quatro vezes e não sobreviveu.
Mas sua resistência permitiu que 22 de seus alunos fugissem com vida. Apenas um, além dele, foi morto naquela sala. Ao todo 32 pessoas foram assassinadas na universidade naquele dia.
Coincidência ou não, naquele mesmo dia ocorria o Yom HaShoah, o Dia da Memória do Holocausto. Conforme Joe Librescu, filho do romeno, refletiria mais tarde: "Isso era típico dele. Ele não temia a morte e sempre tentou fazer a coisa certa."
Na época, o então presidente George W. Bush prestou homenagem ao herói no Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, declarando: "Com o atirador pronto para entrar em sua classe, este bravo professor bloqueou a porta com seu corpo enquanto seus alunos fugiam para um local seguro. Este sobrevivente do Holocausto deu sua própria vida para que outros possam viver."
