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'Milagre dos Andes' não foi o único desastre que teve antropofagia
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'Milagre dos Andes' não foi o único desastre que teve antropofagia

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Aventuras Na História
10/01/2024 21h55
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©Wikimedia Commons
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Em 1972, por 70 dias, os sobreviventes da queda de um Fairchild F-227 uruguaio foram submetidos ao frio e à fome extrema. Das 40 pessoas a bordo, pelo menos dez morreram quando a aeronave caiu na cordilheira dos Andes, enquanto outras ficaram severamente feridas. O pequeno estoque de comida do serviço de bordo logo acabou e o grupo passou cerca de dois meses no fundo de um desfiladeiro, a 4 mil metros de altura.

Foi então que dois deles resolveram sair em busca de socorro. Depois de caminhar por quilômetros, a dupla conseguiu fazer contato com a civilização e todos foram resgatados. Dezesseis, ao todo, haviam resistido. Barbudos e maltrapilhos, explicaram que haviam se alimentado de ervas colhidas no local. Mas a verdade logo veio à tona.

Eles haviam comido a carne dos companheiros mortos. A história ficou famosa. Virou livro, depois filme (Sobreviventes dos Andes, de 1976, e Vivos, de 1993). Mas não foi o único caso de canibalismo registrado em situação de desastre. Em 1816, a fragata francesa Medusa naufragou a caminho do Senegal.

Os 150 sobreviventes se apinharam em um pedaço de casco e passaram dias à deriva. Após desentendimentos constantes, apelaram para a antropofagia: os que eram assassinados durante as brigas logo eram devorados pelos demais.

Em 1884, o iate inglês Mignonette estava a caminho da Austrália quando naufragou durante uma tempestade ao dobrar o cabo da Boa Esperança, no sul da África. Depois de cinco dias, sem água potável e sem comida, um dos quatro homens adoeceu de desidratação, após entrar em desespero e beber a água do mar.

Os sobrevientes ao lado do avião / Crédito: Wikimedia Commons

Os outros três decidiram abreviar o sofrimento do companheiro agonizante e, ao mesmo tempo, saciar a própria fome. Esfaquearam-lhe na garganta e comeram toda sua carne. Por quatro dias alimentaram-se do corpo do colega, antes de jogar sua carcaça no mar. Depois de quase um mês perdidos no oceano, foram resgatados por um navio alemão.

Ao confessarem o que haviam feito para manterem-se vivos, foram julgados e condenados por assassinato. Alegaram, em sua defesa, que agiram em uma situação-limite, na qual não tinham controle e consciência absoluta de seus atos. Também argumentaram que o amigo já estava às portas da morte e apenas haviam diminuído sua agonia.

Quanto ao canibalismo em si, defenderam-se com a afirmação de que aquela foi a única forma que encontraram para não morrer de fome. O juiz do caso, apesar do veredito contrário aos réus, apelou para que a rainha Vitória analisasse o caso e reduzisse a pena imposta pelo júri. Ela determinou que os homens deveriam ficar encarcerados apenas seis meses e, ao fim desse prazo, ser libertados.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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