Morte do papa Francisco: Quais os próximos passos da Igreja Católica?

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Nesta segunda-feira, 21, o Vaticano anunciou a morte do papa Francisco, que ocupa o cargo máximo da Igreja Católica desde 2013. O pontífice tinha 88 anos e, com sua morte, a instituição entra em um período conhecido como "Sé vacante", em que são iniciados os preparativos para seu funeral, e também promoverá a escolha de um novo líder.
Agora, a Igreja passa a ter uma espécie de governo temporário, no qual parte dos religiosos que compõem a cúpula do governo do Vaticano perde suas funções, deixando suas decisões urgentes a cargo de um Colégio dos Cardeais. Nesse período, os católicos ficam sem um papa, e o camerlengo — um título da Igreja Católica — prepara a transição de governo, além de ajudar a organizar o Conclave, que elegerá um novo líder.
Confira a seguir os próximos passos da Igreja Católica no processo de sepultamento e escolha de um novo papa:
Sepultamento
Conforme repercute o g1, após a morte do papa, o funeral é feito de acordo com a Ordem das Exéquias do Sumo Pontífice, um livro litúrgico que determina como devem ser as cerimônias fúnebres do pontífice. Essas normas foram aprovadas por Francisco em abril de 2024, e publicadas em novembro.
O primeiro rito, a confirmação da morte, é realizado pelo camerlengo — título hoje do cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell —, responsável por administrar a Igreja durante a Sé Vacante, que deve chamar o papa pelo nome três vezes. Caso não tenha nenhuma resposta, o óbito será oficialmente declarado.
No passado, esse rito ocorria com o uso de um martelo de prata, que o camerlengo deveria bater suavemente na testa do pontífice, mas essa prática caiu em desuso. Com a confirmação da morte, o Anel do Pescador é removido da mão do papa, e é destruído com um martelo, simbolizando assim o fim do papado.
Então, o quarto do papa é fechado e selado, e seu corpo é colocado em um caixão de madeira e levado para a Basílica de São Pedro, onde será velado. Lá, o corpo do papa será exposto diretamente no caixão — que Francisco determinou que seria mais simples que o de antecessores, apenas com uma estrutura de madeira revestida por zinco —, e seu enterro deve ocorrer entre quatro e seis dias após a morte.
Ao contrário de muitos outros pontífices, inclusive, Francisco pediu para ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, em vez da Basílica de São Pedro. Nos próximos nove dias, missas serão celebradas em sua homenagem, marcando um período de luto e oração pela alma do papa.
Novo papa?
A escolha de um novo papa começa entre 15 e 20 dias após a morte e, nesse período, o Colégio dos Cardeais — composto por religiosos do mundo inteiro, que atualmente conta com 252 membros, incluindo oito brasileiros — é convocado pelo Vaticano. Desse grupo, 138 membros com menos de 80 anos são considerados aptos a participar da eleição para ser o novo papa.
Esse processo de votação de um novo líder, chamado Conclave, é marcado por reuniões chamadas de "Congregações Gerais", em que os religiosos votam para decidir questões governamentais da Igreja. Essas congregações ocorrem diariamente e começam antes mesmo do período de nove dias de missas em memória de Francisco.
Uma das primeiras decisões tomadas nesse encontro é o estabelecimento da data e modo como o corpo do papa será transportado para a Basílica de São Pedro, onde será exposto aos fiéis. Nesse período, os cardeais também organizam os detalhes do Conclave e auxiliam na preparação do ambiente de votação e dos aposentos.
Durante o período de eleição, os cardeais ficam fechados dentro do Vaticano, isolados do mundo exterior, onde fazem um juramento de segredo absoluto sobre o processo. Hoje, 138 cardeais são aptos para participar da eleição, dos quais sete são brasileiros.
Neste período, os cardeais ficam impedidos de utilizar qualquer meio de comunicação com o exterior, a fim de evitar influências externas na votação, que ocorre dentro da Capela Sistina. Para ser eleito, um cardeal precisa receber dois terços dos votos, que são secretos e queimados após a contagem. Se após o terceiro dia de Conclave ainda não for decidido um papa, uma pausa de 24 horas é feita para orações.
Caso ocorram 34 votações sem consenso, os dois mais votados da última rodada disputam uma espécie de "segundo turno", em que passa a ser necessário que um deles conquiste dois terços dos votos para ser eleito. Após a eleição, a Igreja questiona se ele aceita ou não o cargo e, caso concorde, o religioso precisa escolher um nome.
Então, ele é levado para a "Sala das Lágrimas", onde coloca as vestes papais e, finalmente, é anunciado à multidão que aguarda na Praça de São Pedro — isso porque, quando um papa é decidido, sai uma fumaça branca da chaminé da Capela Sistina. Ele é apresentado diretamente da sacada da Basílica, e é proclamada a frase "Habemus Papam" ("Temos um Papa").


