Museu do Louvre sofre com vazamentos, superlotação e serviços inadequados
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A diretora do Museu do Louvre, Laurence des Cars, emitiu um alerta à administração francesa sobre uma série de problemas críticos que afetam a operação do mais visitado museu do mundo.
Em um memorando confidencial, que foi divulgado pelo jornal Le Parisien, Des Cars expressou suas preocupações quanto a vazamentos, superlotação e serviços de alimentação inadequados.
Os problemas
Em sua comunicação ao ministro da Cultura, Rachida Dati, a primeira mulher a liderar a instituição destacou a "proliferação de danos nos espaços do museu, alguns dos quais se encontram em condições muito precárias". A diretora também informou que diversas áreas do Louvre não são mais à prova d'água e sofrem com variações de temperatura significativas, colocando em risco a preservação das obras de arte.
Des Cars fez menção aos problemas orçamentários enfrentados pelo governo francês e à iminente reforma do Centro Pompidou, mas enfatizou que o Louvre também necessita de uma reforma abrangente que será custosa e tecnicamente desafiadora.
O ano passado registrou 8,7 milhões de visitantes nas galerias do Louvre, quase o dobro da capacidade para a qual foi projetado. A diretora manifestou sua preocupação com a qualidade da experiência oferecida aos usuários. Segundo ela, a popularidade crescente do museu está causando uma "carga física" sobre o edifício histórico, além de deixar os visitantes sem espaços adequados para descanso.
No memorando, Des Cars criticou a quantidade insuficiente de opções alimentares e instalações sanitárias, que estão muito aquém dos padrões internacionais. Ela também mencionou que a sinalização precisa passar por uma reformulação completa.
Até mesmo a moderna adição ao museu — a pirâmide de vidro projetada pelo arquiteto Ieoh Ming Pei e inaugurada em 1989 — foi alvo de severas críticas devido às suas "grandes deficiências". Des Cars observou que o espaço se torna semelhante a uma estufa em dias quentes, tornando-se "inóspito" e barulhento.
A recuperação do turismo internacional em Paris após os desafios impostos pela pandemia de Covid-19 tem sido significativa. Aproximadamente 70% dos visitantes do Louvre no ano passado eram estrangeiros. Turistas frequentemente reclamam das longas filas para admirar a famosa Mona Lisa, que continua sendo a atração mais popular da instituição.
No memorando, foi ressaltada a necessidade de "reavaliar" como o icônico quadro é apresentado ao público. Des Cars já havia mencionado anteriormente que a obra-prima deveria ter um espaço dedicado exclusivamente para sua exibição.
Desde que assumiu o cargo em 2021, Des Cars tem falado abertamente sobre o museu ter atingido um "ponto de saturação". Uma de suas primeiras medidas significativas foi limitar o número de visitantes diários para 30 mil e estender os horários de funcionamento. Além disso, ela defendeu a criação de uma segunda entrada além da pirâmide para facilitar o fluxo no restante do museu.
O Centro Pompidou, que abriu suas portas em 1977, está programado para fechar em setembro de 2025 para uma reforma que custará cerca de €262 milhões (aproximadamente R$ 1,6 bilhão) e deve durar cinco anos.