Náuseas e pânico: Os relatos finais do homem que será executado com método inédito
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Após sobreviver a uma injeção letal em novembro de 2022, o detento Kenneth Eugene Smith, que recebeu a pena de morte pelo assassinato de uma mulher em 1988, será executado na próxima quinta-feira, 25, por meio de um método até então inédito no país: a inalação de nitrogênio.
Em uma entrevista recente à rede britânica BBC, que entrou em contato com Kenneth com a ajuda de um intermediário, ele afirma ter sido submetido a práticas de tortura em seus últimos dias de vida.
Sinto náuseas o tempo todo. Os ataques de pânico acontecem regularmente... Isso é apenas uma pequena parte do que tenho lidado diariamente. Tortura, basicamente", relatou o americano.
Conforme repercutido pelo jornal Folha de Pernambuco, autoridades do estado do Alabama, onde Kenneth está preso, afirmaram que esta nova prática nunca foi testada, mas que irá deixar o condenado inconsciente em pouco tempo.
Contudo, profissionais da saúde e defensores dos direitos humanos alertam que esse procedimento pode gerar convulsões, deixar Smith em estado vegetativo ou até mesmo colocar em risco a vida do conselheiro espiritual do detento, que o acompanhará na sala de execução, caso ocorra algum vazamento.
Tenho certeza de que Kenny não tem medo de morrer, ele deixou isso muito claro. Mas acho que ele tem medo de ser ainda mais torturado no processo", explicou o reverendo Jeff Hoodo, conselheiro espiritual de Kenneth, à BBC.
Reações
Na última terça-feira, 16, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos se mostrou “alarmado” pelo método que “pode constituir tortura”, utilizado na iminente execução de Smith.
Em uma coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça, a porta-voz do Alto Comissariado, Ravina Shamdasani, afirmou que a execução “poderia constituir tortura ou outros tratamentos cruéis e degradantes, segundo o direito internacional”, pois o procedimento de pena de morte por hipoxia nitrogenada do estado americano do Alabama não prevê uma sedação.
A Organização das Nações Unidas (ONU) solicitou às autoridades do estado do Alabama que interrompessem a execução de Smith, agendada para a próxima quinta-feira, 25 de janeiro. A organização expressou preocupação, pois os estados do Mississippi e Oklahoma também aprovaram esse método de execução.
Em 2018, durante uma escassez de medicamentos utilizados para injeções letais, o Alabama autorizou o uso de hipóxia por nitrogênio. No entanto, até o momento, o estado ainda não usou esse método para efetuar uma sentença de morte. Durante procedimento, o condenado é forçado a inalar exclusivamente nitrogênio por meio de uma máscara, privando-o de oxigênio e resultando em sua morte.