Neste dia, em 1992, Collor era destituído; entenda o que causou sua queda
Aventuras Na História
Após quase três décadas, finalmente um presidente civil seria escolhido pelo povo. Mas, em apenas três anos, o que parecia inacreditável aconteceu: o país que se mobilizou pela eleição de um candidato retirou-o do comando, sem qualquer alteração nas regras do jogo democrático.
Em 19 de outubro de 1991, o então presidente da Petrobras, Luís Otávio Motta Veiga, pediu demissão por ter sido pressionado a fazer uma operação danosa à empresa no valor de 60 milhões de dólares — e acusou o empresário Paulo César Farias, o PC, ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello e seu amigo íntimo.
Em 10 de maio de 1992, a revista Veja publicou um dossiê elaborado por Pedro Collor de Mello, irmão do presidente, sobre o chamado esquema PC de corrupção. Nele, afirmava que PC era um testa-de-ferro e que o beneficiário da corrupção era o próprio presidente.
No dia 13 de agosto, quinta-feira, o presidente resolveu contra-atacar. Em discurso, criticou as manifestações, de uma minoria, e conclamou a população que saísse às ruas, no domingo, vestindo verde e amarelo. No auge de sua impopularidade. Para desafiá-lo, manifestantes vestiram-se de preto e ocuparam quase todas as capitais.
A Câmara instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias contra PC em 26 de maio de 1992. A ligação do esquema PC com a presidência foi confirmada por Francisco Eriberto Freire França, ex-motorista de Collor. O processo de cassação foi aberto em 29 de setembro de 1992 e Collor foi afastado.
Horas antes de ser anunciado o impeachment, em 29 de dezembro de 1992, data que completa 31 anos nesta sexta-feira, ele renunciou — uma manobra para voltar ao cargo ou, pelo menos, para não ser julgado pela Justiça Comum. Mesmo assim, foi julgado por crime de responsabilidade e perdeu os direitos políticos por oito anos. Veja em tópicos como ocorreu a queda de Collor.
Mau começo (15/3/1990)
Candidato do Partido da Renovação Nacional (PRN), Fernando Collor de Mello é eleito no segundo turno. A campanha destacava a juventude do caçador de marajás.
O presidente tinha como meta eliminar a inflação de 80% ao mês. Reduziu ministérios, demitiu servidores públicos e anunciou o Plano Collor: o bloqueio, por 18 meses, das contas correntes e poupanças que excedessem 50 mil cruzeiros.