O bizarro documentário de Schwarzenegger conhecendo o carnaval do Rio em 1983
Aventuras Na História
No início da década de 1980, o artista austro-americano Arnold Schwarzenegger já era conhecido mundialmente, mas ainda não por suas grandes bilheterias nos cinemas, mas sim, como um símbolo da hipertrofia ao ser multicampeão do Mr. Olympia, categoria mais importante do fisiculturismo. Seu último título se deu no primeiro ano daquela década, que seria marcada por sua ascensão em Hollywood.
Especificamente no ano de 1983, o Brasil o conhecia como um dos homens mais fortes do mundo, ostentando uma silhueta repleta de músculos. Além disso, no ano anterior, ele chegava ao cinemas tupiniquins com sua primeira obra de destaque, com o lançamento mundial de 'Conan, o Bárbaro'. Dessa forma, ele chegava no país sul-americano como uma atração chamativa do Carnaval carioca daquele ano.
Se por um lado, o turismo local o recebia de braços abertos, o diretor Shep Morgan — que no ano de 1981 se deslumbrou com o Brasil ao dirigir um compilado do Carnaval transmitido como um especial na emissora norte-americana PBS, como aponta o IMDB — viu uma grande oportunidade em registrar os passos de Arnold na terra do samba.
Dessa forma, a simples visita tornava-se um documentário mostrando como o astro era recepcionado na noite fluminense. No entanto, a cereja do bolo se dá pelo teor do trabalho final, misturando o cômico com a vergonha alheia ao se aproximar de um institucional sobre turismo sexual.
Carnival in Rio
A obra, intitulada 'Carnival in Rio', recebeu o título alternativo de 'Party in Rio', com ambas as rotulagens colocando Schwarzenegger como o apresentador da aventura. O filme tem 45 minutos, apesar de trechos legendados em português disponíveis na internet mostrarem pouco mais de 6 minutos da obra. O filme completo, com descrição em russo, pode ser visto clicando aqui.
Nas cenas, Arnold passeia por clubes, casas noturnas e pontos turísticos do Rio de Janeiro, chamando atenção as paisagens naturais e, principalmente, as mulheres, que chega a descrever como “em forma por natureza” em cenas na praia. Ao ser apresentado ao samba e fantasias carnavalescas, é convidado a subir no palco de uma casa de shows. No entanto, se empolga, apalpando o bumbum das dançarinas brasileiras, apresentadas como "mulatas".
Além disso, durante toda a obra, é acompanhado de brasileiras como tradutoras e guias. Tais trechos, no entanto, não são explicados como ficcionais ou factuais, mas esbanjam sensualidade, com as moças se encantando com o charme do fisiculturista — com uma delas chegando a passar os lábios em uma cenoura por recomendação de Arnold.
Turismo sexual?
A obra, que nunca foi aos cinemas estrangeiros, circulou apenas em emissoras de televisão, sendo encontrado na internet com diversas legendas em várias línguas. Contudo, chegou a ser falsamente atribuída em redes sociais como uma peça publicitária da Prefeitura do Rio de Janeiro para atrair adeptos ao turismo sexual.
Nos créditos da obra, apenas uma instituição brasileira é apontada com relação direta a produção do filme; na parte de agradecimentos, a extinta Varig (Viação Aérea Rio-Grandense) é atribuída como colaboradora, inclusive sendo escrita incorretamente como “VARIC”.
Apesar de ter cenas bizarras com mulheres viralizando no país, o documentário completo mostra Arnold em outros momentos na cidade maravilhosa. Entre as cenas, ele assiste a uma roda de capoeira, onde chega a ser acertado por um chute de uma participante, e visita uma academia de pedra em uma praia, onde treina e, rodeado de populares, chega a ensinar exercícios eficazes para tonificar os músculos.
Em outro trecho, ele visita um restaurante com violeiros e um comércio popular, onde é presenteado com um boné do Clube de Regatas Flamengo, além de ser decorado com um colar de plumas, nas mesmas cores do time de futebol rubro-negro. Depois, entra na dança em um bloquinho de rua e até carrega uma criança brasileira no colo.