O corpo de Alexandre, O Grande demorou seis dias para começar a se decompor?
Aventuras Na História
Nascido em 356 a.C., em Pela, Alexandre, o Grande era membro da dinastia argéada. Este membro governou o antigo trono grego da Macedônia, sendo amplamente lembrado nos livros de História. Contudo, sua trajetória foi interrompida precocemente, aos 32 anos.
Discípulo de Aristóteles, Alexandre, o Grande, ascendeu como rei aos 20 anos de idade. Considerado um semideus pelos seus súditos, alcançou grande fama e poder durante o pouco período em que reinou.
Em junho de 323 a.C., o soberano veio a falecer no antigo palácio do rei NabucodonosorII, na Babilônia. Ao longo dos séculos, sua morte despertou diversas teorias, devido às circunstâncias misteriosas por trás do seu óbito.
Teorias iniciais
Em 2005, o historiador britânico Andrew Chugg levantou a hipótese de que o soberano tivesse sido vítima de malária. O pesquisador se baseou em relatos presentes no diário atribuído a Diogneto de Eritreia, que teria acompanhado Alexandre durante viagens que antecederam a morte do rei.
Segundo Chugg, duas semanas antes de vir a óbito, o governante teria navegado por lugares pantanosos da Babilônia. Partindo deste pressuposto, o historiador defendeu a tese de que ele teria contraído a doença durante a travessia.
Em contrapartida, em 2014, o toxicologista neozelandês Leo Schep publicou um artigo na revista científica Clinical Toxicology, onde afirmou que o monarca teria sido envenenado.
Conforme o estudo, Alexandre, o Grande supostamente teria sido envenenado com a planta Veratrum album, mais conhecida como heléboro branco. Na época, a erva era utilizada para induzir vômito. Todavia, se usada em quantidade exacerbada, poderia levar à morte.
Novo estudo
Sabe-se que o corpo do soberano levou cerca de seis dias para começar a se decompor. O fato intrigante despertou a curiosidade da comunidade científica e o que não faltaram foram teorias sobre as causas da morte.
Em 2019, em entrevista à BBC News Mundo, serviço espanhol da BBC, a professora da Faculdade de Medicina na Universidade de Otago, na Nova Zelândia, Katherine Hall, descartou a tese de malária e a hipótese de envenenamento.
A pesquisadora afirmou que o estudo do toxicologista Leo Schep não se encaixava nas circunstâncias da morte de Alexandre, o Grande.
"Em geral, os envenenamentos na Antiguidade eram rápidos, com substâncias altamente letais que agiam rapidamente. Do contrário, a vítima poderia sobreviver tempo suficiente para acusar o autor (do envenenamento)", disse Hall à BBC.
De acordo com os estudos da professora, o soberano teria sido vítima de uma doença autoimune que atingiu parte de seu sistema nervoso, chamada de síndrome de Guillain-Barré. A hipótese mais contundente até o momento, é que ele teria contraído a doença através de uma infecção bacteriana.
"A síndrome de Gullain-Barré é uma reação autoimune na qual o próprio sistema imunológico do paciente fica confuso devido a um organismo infeccioso e começa a atacar os nervos", disse ela.
Decomposição em seis dias
Como citado anteriormente, o corpo de Alexandre só começou a se decompor seis dias após o óbito. Segundo Katherine Hall, é possível que o rei tenha sofrido de uma paralisia gerada pela síndrome, comprometendo a respiração.
A partir destas análises, a pesquisadora chegou à conclusão de que o governante ainda não estava morto. Isto é, o falecimento teria acontecido seis dias depois do que é relatado nos livros de História.
"Eu queria estimular um novo debate e possivelmente reescrever os livros de história, sustentando que a morte de Alexandre ocorreu, na verdade, seis dias depois do que se pensava", alegou ela à BBC.
Para Hall, este episódio histórico pode ser na verdade mais um caso de falso diagnóstico de morte.
"O diagnóstico de Guillain-Barré como causa da morte explica muitos elementos díspares de maneira coerente", defendeu a autora da nova tese.
Diante da intrigante saga do personagem, sua história é contada no novo podcast do site Aventuras na História: 'Conquistador nato: A saga de Alexandre, o Grande'. Com narração do professor de História, Vítor Soares, idealizador do projeto 'História em meia hora', o novo episódio discute a vida íntima e pública de Alexandre.
Confira o episódio abaixo.