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O ex-combatente da resistência francesa que revelou a execução de nazistas
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O ex-combatente da resistência francesa que revelou a execução de nazistas

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Aventuras Na História
02/07/2023 03h00
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https://timnews.com.br/system/images/photos/15634197/original/open-uri20230702-18-n5v5ib?1688269286
©Reprodução/Video
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Durante mais de 70 anos, Edmond Réveil ocultou segredos obscuros sobre seus feitos durante a Segunda Guerra Mundial. Atualmente com 98 anos, o ex-membro da resistência francesa aproveitou a parte final de sua vida para confessar a execução de 47 soldados alemães ​​da Wehrmacht (forças armadas da Alemanha nazista) e uma colaboradora francesa durante o conflito.

"Tínhamos vergonha" disse ao jornal francês La Vie Corrézienne. "Sabíamos que não deveríamos matar prisioneiros".

Os relatos de Edmond começaram a vir à tona em 2019, quando ele se pronunciou durante uma reunião da Associação Nacional de Veteranos. Mas devido à pandemia do novo coronavírus, a exploração de seus relatos teve de ser adiada.

Conforme noticiado pela equipe do site do Aventuras na História na última semana, uma comissão alemã iniciou as buscas pelos corpos dos soldados em um vilarejo em Meymac, no sudoeste da França.

"Tinha que se tornar público", disse Edmond Réveil ao The Guardian. Ele explicou que decidiu confidenciar tudo agora devido sua idade e ao fato de que os outros membros da resistência francesa já morreram. Portanto, ele se tornou a última testemunha dos fatos: "O mundo precisa saber o que aconteceu lá. É uma verdade histórica".

Registros da Guerra

Embora tivesse apenas 18 anos em junho de 1944, Edmond Réveil já era um membro do grupo de resistência FTP (Francs-tireurs et partisans). Aqueles mês ficou marcado pelo Desembarque da Normandia, o famoso Dia D, no dia 6.

A foto que eternizou o 'Dia D' nos livros de História/ Crédito: Domínio Público

Pouco depois, Edmond participou de uma revolta na cidade de Tulle, quando cerca de 50 a 60 soldados alemães foram feitos prisioneiros. Como resposta, os nazistas enforcaram publicamente 99 civis e enviaram outras 149 pessoas para o campo de concentração de Dachau.

Já no dia seguinte à revolta, mais retaliações: as tropas alemãs massacraram mais de 600 pessoas, sendo 247 crianças, no pequeno vilarejo próximo de Oradour-sur-Glane.

Em contrapartida, Réveil e 30 membros da resistência haviam capturado 47 combatentes alemães e uma colaboradora francesa. Mas a gestão dos presos e de alimentos tornou o cenário difícil: "Se um preso quisesse fazer xixi, ele precisava ser vigiado por dois de nós", explicou. "Não tínhamos planejado nada para comida."

Quando chegou o dia 12 de junho, eles perceberam que a 'melhor' solução seria matar os prisioneiros. Ao chegar a essa conclusão, diz Edmond à BBC, o comandante da resistência "chorou como uma criança quando recebeu a ordem".

Réveil recorda que o comandante pediu a voluntários para matar os prisioneiros, mas ele e alguns outros recusaram. Somente uma parte do grupo participou da execução. Eles só hesitaram em matar a informante francesa e tiveram que decidir na sorte para saber quem realizaria o ato.

"Foi um dia terrivelmente quente", relembrou à BBC. "Nós os fizemos cavar suas próprias sepulturas. Eles foram mortos e jogamos cal virgem sobre eles. Lembro que cheirava a sangue. Nunca mais falamos sobre isso."

Tinha que ficar em segredo; era errado atirar em prisioneiros", acrescentou ao The Guardian.

Após a França ser liberta, Edmond Réveil se juntou ao Exército e passou a lutar na Alemanha. Após o fim do conflito, ele conseguiu um emprego como ferroviário, se casou e teve filhos, mas jamais disse à sua família o que aconteceu em seus tempos de resistência.

Tropas alemãs avançando pela Franca/ Crédito: Wikimedia Commons/Arquivo Federal Alemão

Mas as execuções presenciadas por Edmond não ficaram totalmente esquecidas ao longo dos anos. Segundo recorda o The New York Times, em 1967, uma escavação encontrou 11 corpos na região.

Mas poucos registros foram feitos e as exumações foram interrompidas por razões desconhecidas. "Talvez por pressão", disse o prefeito de Meymac, Philippe Brugere, que acrescentou que não conseguiu encontrar nenhum registro dessa busca nos arquivos da cidade.

As novas buscas

Agora, porém, o Escritório Nacional de Veteranos da França está trabalhando com a Comissão Alemã de Túmulos de Guerra para localizar os restos mortais usando radar de penetração no solo — o processo deve demorar cerca de quatro semanas. Eles esperam exumar e identificar as vítimas e devolvê-las às suas famílias.

"É extraordinário que ainda se esteja procurando por cadáveres da Segunda Guerra Mundial na França", afirmou Diane Tempel-Bornett, porta-voz da Comissão Alemã de Túmulos de Guerra.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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