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O inusitado cemitério à beira-mar construído no Ceará
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O inusitado cemitério à beira-mar construído no Ceará

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Aventuras Na História
12/02/2023 13h00
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https://timnews.com.br/system/images/photos/15420810/original/open-uri20230212-18-vz9eyq?1676207122
©Reprodução/Vídeo/YouTube
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Algumas pessoas planejam, para após a morte, um ritual funerário padrão, que termine com um enterro em cemitério; outros, pensam em ser cremados e, com as cinzas, despejados em uma colina, no mar, ou apenas guardados. Porém, os mortos da cidade de Icaraí de Amontada, no Ceará, muitas vezes possuem um destino diferente: a praia.

Isso porque um dos recintos para mortos mais inusitados e criativos do Brasil se encontra nessa cidade. O cemitério de Pedras Compridas, também chamado de cemitério de São Serafim (ou 'Sarafim', para alguns), possibilita aos que ali são enterrados não só o descanso eterno, como também um ocasional banho de mar.

A maré, às vezes, engole a praia, e passa por cima das sepulturas que estão mais perto da água. Daí, algumas delas são soterradas pela areia trazida pelas ondas e somem pra sempre", conta um morador local, de acordo com o colunista Jorge de Souza, em texto ao portal Nossa, do UOL.
Cemitério de Pedras Compridas, no litoral de Icaraí de Amontada, Ceará
Cemitério de Pedras Compridas, no litoral de Icaraí de Amontada, Ceará / Crédito: Reprodução/Vídeo/YouTube

Lenda de São Serafim

Embora não se saiba muito sobre a origem do cemitério, visto que seu surgimento foi transmitido principalmente por histórias em via oral — o que, inclusive, fomenta o surgimento de lendas —, é tomado como certeza que, no início do século passado, uma velha moradora da vila encontrou o corpo de um homem na beira da praia, com um saco na cabeça e um pedaço de corrente em volta do pescoço (tendo ficado conhecido como 'o homem do saco').

Então, sensibilizada com o fato de que aquele homem não possuía um recinto digno para passar a eternidade, ela decidiu enterrá-lo ali mesmo, na praia. Depois disso, teria contado a história para outros moradores da vila, e a história se espalhou, até que um homem trouxe mais uma camada para o mistério.

Como informado pelo colunista, outro morador da vila alegou ter sonhado com o tal "homem do saco", e durante uma conversa, o morto teria se identificado, na visão, como se chamando Serafim, e queria ser reconhecido dessa forma.

Então, seu desejo foi ser atendido: o morador e outros vizinhos decidiram fincar uma cruz com o nome de Serafim no recinto, mas devido à baixa escolarização, cometeram o erro de escrever 'Sarafim'.

De qualquer forma, os moradores começaram a acreditar que o defunto teria ficado feliz com a identificação, e alguns "milagres" — estes que ninguém sabe dizer quais foram, só afirmam que aconteceram — começaram a acontecer na região.

Com isso, Serafim deixou de ser apenas mais um defunto misterioso, e passou a ser conhecido como "São Serafim" por diversos habitantes.

Problemas com o cemitério

Eventualmente, outras pessoas foram enterradas no mesmo cemitério improvisado, visando descansar eternamente ao lado de um santo. Então, novos túmulos foram surgindo e, com isso, algumas peculiaridades puderam ser apontadas no local.

Por exemplo, pode-se dizer que, ali, existem cadáveres enterrados um em cima do outro, de forma que não é possível nem mesmo determinar quantas pessoas existem ali — além de que, embora seja o cemitério mais antigo da cidade, ele é considerado até hoje clandestino, sem regulamentação —, devido sua localização.

Isso porque, com o vento constante da beira-mar e a areia sendo levada, sepulturas sempre são soterradas, e os corpos involuntariamente empilhados. Além disso, um problema mais recente é a invasão constante da maré sobre os túmulos.

Isso deve ser coisa desse tal aquecimento global. Antigamente, não acontecia tanto assim", conta um morador da vila. Ainda brinca: "Agora, tem defunto morrendo, também, afogado."

O santo que se move

Pensando justamente em impedir o avanço do mar, a prefeitura local até mesmo chegou a tentar colocar sacos de areia em volta dos túmulos, mas não foi suficiente para conter quanto as ondas chegaram e invadiram o cemitério do mesmo jeito. Com isso, um dos primeiros banhados pelo mar foi justamente São Serafim

No entanto, os locais chegaram a uma solução original para tentar proteger pelo menos a homenagem ao primeiro defunto dali. Toda vez que a maré do mar avança um pouco mais, eles movem a cruz de "São Sarafim" e a fincam em outra sepultura, de forma que pelo menos o objeto se mantenha sempre a salvo.

Cruz de São Serafim, com o escrito errado
Cruz de São Serafim, com o escrito errado / Crédito: Reprodução/Vídeo/YouTube

Assim, alimentam a crença local de que nem o mar, nem a areia têm capacidade de engolir a sepultura de São Serafim. De qualquer forma, o que se sabe sobre o curioso cemitério na praia é que é um dos poucos que, mesmo após morto, se pode tomar um ocasional banho de mar.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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