O mistério dos telefones de Garfield que apareceram em praia da França

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Durante a década de 1980, um trecho da costa da Bretanha, na França, começou a 'receber' uma enxurrada de fragmentos de telefones fixos laranja brilhantes com o rosto do personagem Garfield.
Desde então, durante esses mais de 30 anos, moradores locais frequentemente encontram fios telefônicos enrolados, receptores e cabeças de felinos espalhados pela praia. Por mais que limpadores tirassem toda a sujeira da areia, inevitavelmente os telefones do gato com seu sorriso irônico voltavam a aparecer.
Quando lançados, os telefones do Garfield eram um item doméstico comum. Os olhos do personagem se abriam quando o receptor do telefone fixo era levantado. Milhares deles foram feitos e vendidos na época. Mas durante muito tempo eles se tornaram um mistério que só foi resolvido nos últimos anos.
Mistério resolvido
Durante décadas, a fonte de poluição da praia era um mistério desconcertante. Embora especulações fossem levantadas durante esse tempo, nada de concreto havia sido descoberto.
Mas muito pior do que a curiosidade, era o fato do telefone ser uma fonte de poluição ao meio ambiente. O quer que fosse o causador, ele precisaria ser encontrado e impedido de continuar a degradação.
Uma resposta começou quando a publicação FranceInfo (uma emissora de rádio) noticiou os Garfields como parte de uma campanha chamada Alerta de Poluição. Isso lá para meados de 2018.
A campanha chamou a atenção de um fazendeiro local, René Morvan, que procurou Claire Simonin-Le Meur, presidente do grupo ambientalista Ar Viltansoù, e disse que sabia onde encontrar as origens do gato animado.
Ainda em meados da década de 1980, ele observou que os telefones haviam tomado conta da praia após uma tempestade. Ele e o irmão decidiram investigar e, ao vasculhar uma região rochosa, descobriram a origem dos misteriosos telefones: um contêiner de metal, cheio de telefones Garfield, escondido no fundo de uma caverna marinha.
Conforme explica matéria da Smithsonian Magazine, durante a maior parte do ano, a caverna fica inacessível por conta da maré alta. Mas quando voluntários conseguiram acessar a entrada da caverna, tropeçaram em pedaços do Garfield espalhados pelas rochas.
Eles esperavam que, ao entrarem na caverna, encontrassem o contêiner ainda cheio de telefones — o que representaria que detritos em potencial para poluir o ambiente oceânico pudessem ser impedidos.
Mas, infelizmente, não foi o caso", conta Simonin-Le Meur ao The Washington Post. "O que encontramos foi o restante do contêiner. E estava vazio."
A poluição plástica
Na França, os telefones do Garfield se tornaram símbolo de um problema muito mais complexo: a poluição plástica. Afinal, aponta a Smithsonian, por lá, estima-se que entre 4,8 milhões e 12,7 milhões de toneladas de plástico entram no oceano a cada ano.
Um fato desconcertante é que mesmo após três décadas, as peças do telefone de Garfield parecem estar intactas — o que demonstra o quão persistente a poluição plástica pode ser no meio ambiente.
Apesar do mistério ter sido resolvido, a descoberta chega longe de ser uma comemoração. "A maior parte dos telefones já desapareceu, o mar fez seu trabalho por 30 anos", disse Simonin-Le Meur ao Le Monde. "Chegamos depois da batalha".


