O polêmico diamante que ficará de fora da coroação de Charles III
Aventuras Na História
Para a família real britânica, o próximo dia 6 de maio será uma data histórica, já que é quando o rei Charles III será coroado, como aconteceu há 70 anos com sua mãe, a Rainha Elizabeth II, que faleceu em 2022. Alguns planos da celebração já foram divulgados pelo Palácio de Buckingham.
A ocasião terá duração de 3 dias e será iniciada com um culto religioso na Abadia de Westminster, onde o soberano receberá a coroa e os símbolos do seu reinado. Contudo, os planos anunciados já revelaram uma ausência de um item que estava presente nas duas últimas coroações: a coroa.
A rainha consorte, Camilla, não será coroada com a coroa da rainha-mãe, como divulgado pela Casa Real, mas com a da rainha Mary. A coroa da rainha-mãe foi criada exclusivamente para a rainha Elizabeth, mãe de Elizabeth 2ª, para a coroação do rei George6º em 12 de maio de 1937.
A rainha usou o acessório nas sessões inaugurais do Parlamento durante o reinado de seu marido, assim como na coroação de sua filha, em 1953, a rainha Elizabeth 2ª. Exatamente por essa razão, foi especulado de que a coroa seria então colocada na cabeça da esposa do novo rei. No entanto, o motivo disso não acontecer é a pedra que está na frente da cruz central: o diamante Koh-i-Noor.
Problemas diplomáticos
A Índia afirma ser a proprietária legítima da joia, e o Reino Unido quer evitar problemas diplomáticos com o país. No entanto, esse não é o único país que reivindicou propriedade. Redeclararam donos da peça o Afeganistão, o Paquistão e o Irã. Ainda que não seja o maior diamante do mundo, a história da joia o tornou polêmico e famoso.
Em persa, Koh-i-Noor quer dizer "montanha de luz", mas é impossível saber quando o item foi encontrado. Algumas pessoas dizem que se trata de Syamantaka, a lendária gema com poderes mágicos dos contos do Bhagavad Purana sobre Krishna, um dos deuses mais populares do panteão hindu.
Tal versão da história foi registrada por Theo Metcalfe, quem recebeu a ordem de compilar a saga oficial do Koh-i-Noor em 1849, em Déli. Ele documentou que, conforme a tradição, "o diamante foi extraído durante a vida de Krishna".
Fonte
Apesar de seus muitos mistérios, o que se sabe com certeza é que não foi extraído, pois os diamantes indianos nunca foram extraídos: eram, geralmente, encontrados em depósitos aluviais nos leitos de rios secos. Embora entre as joias da coroa existam outras 2.800 pedras preciosas, segundo a BBC, nem sempre o Koh-i-Noor esteve lá.
A preciosa joia passou de geração em geração de poderosas famílias, mas já foi disputada, roubada e passou por todos os tipos de truques durante séculos. A joia tinha tanto esplendor que, em 1635, a pedra agraciava o trono do governante mogol Shah Jahan em meio a um mar cintilante de rubis, pérolas e esmeraldas.
Em 1739, foi roubado por Nader Shah, o governante persa da época, e foi então que recebeu seu nome persa. Shah removeu o diamante do trono mogol e o colocou em uma pulseira que carregava consigo.
O diamante permaneceu no país — que mais tarde se tornaria o Afeganistão — durante décadas, passando por diversos governantes. Em 1813, estava de volta à Índia, depois de combates sangrentos. Mas logo depois, os britânicos chegaram.
Domínio britânico
A Companhia Britânica das Índias Orientais ouviu rumores sobre uma peça de valor inestimável chamada Koh-i-Noor e partiu para buscá-la. Lord Dalhousie, o governador-geral imperialista da Índia, acreditava que o diamante era o símbolo supremo do poder. Em 1849, a chance de Lord enfim chegou.
Existem versões conflitantes acerca das circunstâncias em que o diamante foi entregue, há quem acredite até que foi um presente. No entanto, a jornalista da BBC e co-autora de um livro sobre o Koh-i-Noor, Anita Anand, disse:
Não ouvi falar de muitos 'presentes' sendo entregues na ponta da baioneta".
Após a morte do marajá Ranjit Singh, os britânicos decidiram que a esposa dele fosse excluída, após terem ganhado uma guerra no país. Eles acabaram deixando Duleep Singh, de 10 anos, no poder, e ele entregou a joia aos oficiais. Em 1850, o príncipe Albert mandou lapidar o diamante, e foi colocado em um broche para a rainha Vitória e, eventualmente, foi incorporado às joias da Coroa.
Em 2022, a morte de Elizabeth 2ª fez com que as palavras Koh-i-Noor começassem a se tornar tendência no Twitter, com muitos indianos pedindo que ele fosse levado de volta ao país de origem.