O que disse Che Guevara antes de sua execução, em 1967?
Aventuras Na História
Mesmo mais de 50 anos depois de sua morte, o nome de Che Guevara segue possuindo bastante força, o que é evidenciado pelo fato de muitas pessoas conhecerem-no, mesmo sem que saibam exatamente os feitos com os quais esteve envolvido quando vivo. E ainda além, a força do nome vem sempre acompanhada por uma imagem na mente das pessoas: a famosa fotografia 'Guerrilheiro Heroico', tirada por Alberto Korda em 1960.
Nascido no dia 14 de junho de 1928, na cidade portuária de Rosário, na Argentina, Ernesto Guevara de la Serna, mais conhecido como Che Guevara, foi um revolucionário marxista, médico, autor, guerrilheiro, diplomata e teórico militar. Um dos maiores nomes por trás da Revolução Cubana, ao longo de sua trajetória de vida teve não só muitas conquistas, como também muitos inimigos.
Guevara viajou por vários países da América Latina quando vivo, escrevendo diários que, posteriormente, viriam a ser publicados como livros, e conquistando simpatizantes por onde passava. Porém, no dia 9 de outubro de 1967, ele foi morto a fuzilamento na pequena aldeia de La Higuera, na Bolívia, por militares. Ao seu carrasco, antes de ser alvejado, disse: "Lembre-se, você está matando um homem."
Documentos da CIA
Em um memorando da CIA do dia 13 de outubro de 1967, que foi desclassificado em 26 de agosto de 2007, Richard Helms, então diretor da CIA, relata para altos funcionários do governo um pouco do que Che Guevara disse em La Higuera enquanto ainda estava ferido, mas vivo, no fatídico dia 9 de outubro.
Helms afirma no documento, de acordo com o National Security Archive dos Estados Unidos, que Che Guevarase recusou a ser interrogado na ocasião, mas não se importou em ter uma conversa refletindo parte da história recente da época.
Últimas palavras
Um dos primeiros pontos abordados nos últimos momentos de vida de Guevara foi sobre a situação econômica de Cuba, país onde ele teve grande importância para a Revolução Cubana, que destituiu o ditador Fulgencio Batista.
"A fome em Cuba é resultado da pressão do imperialismo dos Estados Unidos. Agora Cuba tornou-se autossuficiente na produção de carne e quase chegou ao ponto de começar a exportar carne. Cuba é o único país economicamente autossuficiente do mundo socialista", disse Che Guevara.
Além disso, o guerrilheiro também comentou sobre a relação entre Fidel Castro, então primeiro-ministro de Cuba, com Camilo Cienfuegos, outra figura extremamente importante na Revolução Cubana que, por muito tempo, foi especulado ter sido morto a mando de Castro.
Por muitos anos circulou a história de que Fidel Castro Ruz mandou matar Cienfuegos, um de seus principais deputados, porque sua popularidade pessoal representava um perigo para Castro. Na verdade, a morte de Cienfuegos foi um acidente", disse Guevara.
Ele continua: "Cienfuegos esteve na Província de Oriente, quando recebeu um chamado para participar de uma reunião de estado-maior em Havana [capital cubana]. Ele partiu de avião e a teoria era que o avião se perdeu em condições de voo de teto baixo, consumiu todo o combustível e caiu no oceano, e nenhum vestígio dele foi encontrado. Castro amava Cienfuegos mais do que qualquer um de seus tenentes."
Além do mais, ainda sobre Fidel Castro, Guevara disse que ele "não era comunista antes do sucesso da Revolução Cubana. As próprias afirmações de Castro sobre o assunto estão corretas."
Brevemente o guerrilheiro e revolucionário desviou a direção da conversa da América Latina para o Congo, onde teve uma fracassada guerrilha com objetivo de livrar o país do imperialismo belga: "o imperialismo americano não foi a razão de seu fracasso ali, mas sim os mercenários belgas."
Sobre a forma como os prisioneiros guerrilheiros eram tratados em Cuba, Guevara disse: "Durante o curso da Revolução Cubana e suas consequências, houve apenas cerca de 1.500 indivíduos mortos, excluindo encontros armados como a Baía dos Porcos. O governo cubano, é claro, executou todos os líderes guerrilheiros que invadiram seu território."
Por fim, como Che Guevara foi capturado na Bolívia, lhe foi perguntado o que ele imaginava para o futuro do movimento de guerrilha no país, que havia perdido força depois de sua captura. Porém, ele insistiu que seus ideais venceriam no fim, embora estivesse desapontado com a falta de resposta dos camponeses bolivianos, de acordo com o documento.
"O movimento guerrilheiro falhou parcialmente por causa da propaganda do governo boliviano que afirmava que os guerrilheiros representavam uma invasão estrangeira do solo boliviano", disse Guevara. Por dificuldades como essa, o guerrilheiro não planejou uma rota de fuga em caso de fracasso e, nessa missão de vencer ou morrer, perdeu sua vida, em 1967.