Os 150 anos de Santos Dumont, o exímio inventor
Aventuras Na História
Era dia 20 de julho de 1873, no município de Palmira, em Minas Gerais, quando nasceu o pequeno Alberto Santos Dumont, filho do engenheiro e cafeicultor Henrique Dumont com Francisca de Paula Santos. O que ninguém imaginava na época, era que o pequeno Alberto não viria ao mundo para ter uma passagem esquecível: em sua vida adulta, recebeu a alcunha de 'pai da aviação', sendo um dos inventores mais importantes do fim do século XIX e início do XX.
Embora seja mais conhecido como o primeiro homem a criar um avião e a voar — questão essa ainda hoje muito discutida, visto que muitos acreditam que o pioneirismo venha dos irmãos Wright —, a verdade é que Santos Dumont foi um grande inovador, interessado sempre em desenvolver novos aparatos que pudessem ser úteis de diversas maneiras. Ao longo de sua vida, uma das pessoas que mais o apoiou foi seu pai.
Isso porque Henrique Dumont "era um grande empreendedor e também um inovador visionário", define Regina Dummond, autora de 'Albertinho Santos Dumont, o pai da aviação', biografia do inventor para crianças.
Foi bem-sucedido com as plantações de café, o que fez dele um homem de posses e, provavelmente, tornou-o mais sensível para a compreensão do talento do filho. O pai fez questão de deixar dinheiro suficiente para que Santos Dumont nunca precisasse trabalhar para viver, de modo a poder se dedicar inteiramente às suas próprias criações", explica a autora.
Grande inventor
Dessa forma, o memorável avião 14-bis — criação mais chamativa de Dumont — foi apenas uma na longa lista de uma vida de invenções do mineiro. Outra criação de Dumont surgiu de uma ideia que teve em suas caminhadas diárias pela orla da praia no Rio de Janeiro, onde viveu parte de sua vida.
No mar, era muito comum o registro de casos de afogamento, e como um dos maiores problemas era a demora na chegada do resgate, ele criou uma espécie de "canhão" que lançava uma boia em direção à vítima de afogamento.
Ele inventou ainda os motores com refrigeração a água, a porta de correr, o 'marciano' (que ajudava os esquiadores a subir as montanhas), e muitos outros", acrescenta a biógrafa.
Empreitadas aéreas
Apesar de tudo, o título de "pai da aviação" ainda é o mais forte atribuído a Dumont, tendo ele conquistado-o somente depois de muita perseverança em tentativas de voar, que começaram ainda com balões. "Sua primeira tentativa aérea foi voar em um balão, no qual percorreu 100 quilômetros em duas horas", conta Regina Dummond.
A partir daí, ele se dedicou a uma série evolutiva de aparelhos voadores. Quando construiu seu primeiro balão, deu-lhe o sugestivo nome de 'Brasil' e atravessou Paris com ele. Depois, construiu seu primeiro dirigível, que tinha a forma de um charuto. Como o inventor achava que, no futuro, a navegação aérea seria a coisa mais normal e corriqueira do mundo, só se locomovia por Paris no seu balão".
Foi em 1905, no entanto, que tudo mudaria: irmão de seu balão número 14, o avião 14-bis foi construído e, "diante de mais de 3 mil pessoas, por uma distância de 60 metros, a 3 metros de altura do chão", Santos Dumont entrou para a História.
Desilusão
Desde os primórdios da humanidade, voar sempre foi um grande sonho para os mais ambiciosos, de Dédalo e Ítalo na mitologia grega, passando até pelo gênio Leonardo da Vinci. Como um homem que prestava seus serviços à humanidade, desenvolvendo criações que pudessem ser úteis, Dumont "nunca patenteou nenhuma de suas invenções, porque achava que elas deveriam pertencer a todos".
Porém, o que se sabe é que somente alguns anos depois da criação do 14-bis, a humanidade presenciou um dos maiores conflitos registrados até hoje: a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918). E sendo Dumont um pacifista, "foi muito difícil para ele ver seus aviões usados na guerra, para matar pessoas e não para o desenvolvimento do mundo".
Esse desprazer com sua criação, por sua vez, agravou uma severa depressão com que já sofria. Então, no dia 23 de julho de 1932, no banheiro do Grand Hôtel de La Plage, no Guarujá (SP), não suportando o fardo que carregava com sua obra, Alberto Santos Dumont se enforcou, encerrando assim sua vida de grande engenhosidade e glórias.