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Os antigos egípcios marcavam os escravizados com instrumentos de bronze?
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Os antigos egípcios marcavam os escravizados com instrumentos de bronze?

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Aventuras Na História
26/11/2022 20h00
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©Divulgação/ Rede de museus britânicos
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Um artigo científico publicado na revista The Journal of Egyptian Archaeology no último mês de outubro reuniu diversas evidências para fornecer uma reinterpretação da prática de marcação de escravizados no Egito antigo.

Até então, a teoria mais aceita era de que os escravizados, que formavam a base da pirâmide dessa civilização, eram tatuados com símbolos que registrassem sua posição social desfavorecida. 

Ella Karev, egiptóloga norte-americana que redigiu o estudo, especulou que, na verdade, os egípcios marcariam a pele de seus escravizados com instrumentos feitos em bronze, processo que seria muito mais ágil. 

Falando de forma prática, tatuar sem uso de uma máquina leva muito tempo e habilidade — e se você está fazendo isso em grande escala, não é facilmente replicável", explicou ela em entrevista ao LiveScience. 

Assim, "faria muito mais sentido", segundo a especialista, que fosse feita, em vez disso, a marcação a ferro. 

Um dos elementos reinterpretados por Karev é justamente um painel egípcio de 1.185 a.C. que faz a representação da marcação de prisioneiros de guerra. Até então, era considerado que a obra mostrava agulhas e uma tigela com tinta, assim ilustrando como eram feitas essas tatuagens.

Painel citado / Crédito: Divulgação/ Instituto Oriental da Universidade de Chicago

A autora do estudo, por sua vez, acredita que os objetos representados sejam pequenos ferros, e que a tigela seja, na verdade, o braseiro onde as ferramentas estão sendo aquecidas. 

Para humanos, e não gado

A principal evidência encontrada pela pesquisadora para a prática é o fato que alguns dos artefatos usados para realizá-la teriam sobrevivido até os tempos atuais. 

Ela identificou dez deles, que são feitos de bronze, têm uma idade de 3 mil anos, e estão hoje divididos entre as coleções do Museu Britânico e do Museu Petrie de Arqueologia Egípcia da Universidade de Londres. 

Esses objetos foram anteriormente vistos como destinados à marcação de gado, porém Karev argumenta que eles são muito pequenos para isso — o espaço entre as linhas é muito estreito, de maneira que o símbolo formado se tornaria elegível durante a cicatrização e o posterior crescimento dos possíveis bezerros marcados.

Para uso em humanos, por outro lado, o tamanho dos artefatos é ideal: "Os ferros de marcar humanos de meados e finais do século 19 têm o mesmo tamanho e formato dos ferros de marcar menores discutidos aqui", apontou ela ao LiveScience. 

Escravidão 

A escravizadão funcionava de forma muito particular no Egito antigo, parecendo fugir dos padrões encontrados nos sistemas de escravidão adotados pelas civilizações que vieram mais tarde. 

Os documentos da época indicam que ocorria a compra e venda de seres humanos. Por outro lado, também era comum que escravizados comprassem sua liberdade e se reintegrassem à sociedade egípcia. 

Eles claramente não tinham problemas com um ex-escravo adotando um novo nome, tornando-se totalmente egípcio, casando-se com uma pessoa livre egípcia e subindo na hierarquia", explicou Ella Karev

As possíveis marcas nos corpos dessas pessoas, neste contexto, se tornariam "um marcador permanente de um status [social] impermanente", conforme refletido pela egiptóloga. 

+ Para conferir o estudo na íntegra, clique aqui;

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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