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Oscar 2023: A história de casal que morreu gravando vulcões
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Oscar 2023: A história de casal que morreu gravando vulcões

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Aventuras Na História
02/03/2023 22h43
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https://timnews.com.br/system/images/photos/15447635/original/open-uri20230302-18-3udkcf?1677797101
©Divulgação/National Geographic
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Maurice e Katia Krafft eram vulcanólogos. O casal francês dedicou sua vida em conjunto para estudar e registar vídeos e fotos de vulcões pelo mundo todo. Em uma de suas missões, eles ajudaram a soar o alerta de que o vulcão Nevado del Ruiz, na Colômbia, poderia representar um grande risco para a população próxima. O governo local não ouviu, e o vulcão deixou 23 mil mortos para trás.

Meu sonho é que vulcões deixem de matar", disse Maurice.
A cidade de Armero, que era perto do vulcão, foi completamente soterrada. A erupção fez com que as geleiras da montanha derretessem, formando lahars, que é uma avalanche de lama, terra e detritos vulcânicos. Um povoamento inteiro, varrido do mapa.
Depois de uma tragédia dessas, uma das maiores já causadas por um vulcão, é de se esperar que o casal mudasse de área, talvez desistisse de observar os vulcões tão de perto. Não foi o que aconteceu. Na verdade, Katia e Mauricedecidiram ir além.
O casal gravava erupções de perto para fins científicos, de conscientização e simplesmente por amar os fenômenos geológicos envolvidos nas montanhas que cospem lava. Depois da tragédia na Colômbia, os Krafft resolveram chegar mais perto de vulcões mais ameaçadores, para conseguir convencer as autoridades dos riscos de uma erupção. Se a palavra de vulcanólogos não bastava, talvez imagens ajudassem.

Documentário

As imagens produzidas por Maurice e Katia durante toda sua carreira foram usadas para montar o filme documental "Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft", produzido pela National Geographic em parceria com a Neon e disponível, no Brasil, no serviço de streaming Disney+.
O documentário foi indicado ao Oscar de 2023 e é um dos favoritos para ganhar o prêmio. Dirigido por Sara Dosa, o filme usa as imagens que o casal gravou com câmeras de filme de 16 mm e as monta com uma narração, contando a história dos Krafft.
Katia e Maurice Krafft no filme "Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft" - Divulação/Image'est
A primeira expedição do casal de vulcanólogos para um vulcão aconteceu em 1968, na Islândia. Depois da experiência, os Krafft ficaram animados e começaram a registrar em fotos e vídeos os vulcões em erupção que visitavam, o que virou a fonte de renda dos dois.

História de amor

Maurice e Katia se conheceram na Universidade de Estrasburgo, na França, no ano de 1966. Ela era geoquímica, e ele estudava a geologia. Juntos, os dois descobriram que se interessavam, mais do que tudo, por vulcões. Dois anos depois do primeiro encontro, eles se casaram e decidiram não ter filhos.
"Começamos na vulcanologia porque estávamos decepcionados com a humanidade. E, como um vulcão é maior do que os homens, sentimos que era o que precisávamos. Algo além da compreensão humana", explicou Maurice em entrevista divulgada no documentário.
O casal produzia filmagens que mostravam, bem de perto, a lava, as explosões e os fluxos piroclásticos (mistura de gás, matéria vulcânica e sedimentos de rochas expelidos pelo vulcão) que fazem parte de uma erupção. Suas imagens foram usadas por eles e por outros pesquisadores para entender melhor a atividade vulcânica.

Tragédia romântica

A famosa banda britânica The Smiths canta que morrer ao lado da pessoa amada, mesmo que atropelados por um ônibus de dois andares, é uma maneira divina de morrer. A tragédia que acompanha o romantismo tem raízes mais profundas do que uma banda de rock dos anos 1980, indo até a Grécia antiga e o romantismo literário do século 19. Esse mesmo tipo de tragédia iria bater na porta dos Krafft.

Depois do incidente na Colômbia e decididos a usar suas imagens para levantar conscientização sobre o possível perigo das erupções, o casal marcou uma expedição para o Monte Unzen, no Japão, sem saber que seria sua última.

O casal, em uma entrevista de arquivo que pode ser vista no documentário - Divulgação/Disney+

O vulcão japonês entrou em erupção em maio de 1991, e Katia e Maurice estavam lá para documentar o acontecimento. Eles ficaram, por segurança, na área onde jornalistas, cientistas e bombeiros estavam para se proteger do evento. Um fluxo piroclástico inesperado acabou chegando na área, levando à morte das 43 pessoas que estavam lá, incluindo os Krafft.

Maurice chegou a escrever em uma carta que preferiria viver "uma vida intensa e curta que longa e monótona". Katia chegou a dizer que, se Maurice morresse, ela optaria por ir com ele. Após a tragédia, a equipe que investigou a área descobriu marcas no solo que ficaram do momento em que os Krafft morreram. Estavam próximos um do outro, como sempre.

Confira o trailer de "Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft", e assista o documentário na Disney+:

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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