Papa Francisco não via irmã desde que assumiu o posto de líder da Igreja

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O papa Francisco, falecido aos 88 anos, tinha apenas uma irmã viva: María Elena Bergoglio. A caçula da família, que é 12 anos mais nova e vive na Argentina é a última sobrevivente dos cinco filhos do casal Mario Jorge Bergoglio e María Regina Sívori. Jorge Mario, o primogênito, foi seguido por Oscar (1938–1997), Marta Regina (1940–2007), Alberto (1942–2010) e, por fim, María Elena — conhecida pelos familiares como Mariela.
Ela e Francisco não se viam desde 2013, ano em que ele foi eleito chefe da Igreja Católica. Embora tenha renovado o passaporte com esperança de visitá-lo em Roma, sua frágil saúde e a recomendação médica a impediram de fazer a longa viagem. Desde então, passou a viver sob cuidados de freiras em Buenos Aires. Do outro lado, Francisco também nunca retornou à Argentina, em parte por conta das responsabilidades do papado e em parte por tensões com líderes políticos de seu país natal.
De acordo com informações do portal UOL, o último encontro entre os irmãos aconteceu um dia antes da partida de Jorge Mario para Roma, onde participaria do conclave que acabaria por escolhê-lo papa. Na despedida, Mariela disse: "Te vejo quando voltar" — acreditando, como ele, que aquela viagem teria volta. Mas a notícia de sua eleição chegou pela televisão.
A caçula ainda revelou que chegou a rezar para que os cardeais não o escolhessem. "Eu não queria que meu irmão partisse. Foi uma posição em que fui um pouquinho egoísta", confessou em entrevista à CNN.
Forte ligação
Apesar da distância física, a relação entre os dois permaneceu forte. Logo após a fumaça branca sinalizar a escolha do novo papa, Francisco ligou para a irmã. Pediu que ela ligasse para o restante da família em seu nome.
“Se eu ligar para todo mundo, vou esvaziar os cofres do Vaticano”, brincou. Mariela se emocionou com o telefonema, lembrando que o filho atendeu e, ao ouvir “oi, tio”, sentiu como se o mundo tivesse desabado sobre ela. "Estávamos muito emocionados os dois. Ele contou que as coisas aconteceram assim e não havia nada mais que fazer a não ser aceitar. Ele parecia bem, não transmitia nenhuma preocupação, ao contrário, transmitia muita alegria."
Apesar da distância física, os dois mantinham conversas semanais e trocavam cartas. Mariela guardava lembranças vívidas dos tempos em que ele era apenas o irmão mais velho. "Ele adora fazer suas lulas recheadas ou os risotos de cogumelos que aprendeu de uma receita herdada de nossa avó italiana."
Ida a Roma
Quando ele foi nomeado cardeal por João Paulo II, Mariela o acompanhou a Roma. Mesmo com vidas distintas, permaneciam presentes um na vida do outro. Em momentos difíceis, como durante o divórcio dela, Francisco foi um apoio constante.
Pouco depois da eleição de Jorge Mario, Mariela chegou a ser internada e, desde então, raramente falou publicamente sobre o irmão. Em uma entrevista ao jornal italiano La Repubblica, compartilhou lembranças da infância, o gosto do papa por futebol — especialmente pelo San Lorenzo —, tango, ópera e Édith Piaf. Disse também que a mãe relutou inicialmente com o chamado de Jorge ao seminário, por medo de perder o filho.
Ainda assim, Mariela previu com clareza o tipo de papa que ele se tornaria. Em entrevista à revista Hola, declarou: "Conhecendo-o, sinto que ele fará mudanças na Igreja. Não só porque ele é um homem de integridade, com um forte caráter e convicções admiráveis, mas porque ele terá o apoio de todos nós através das orações. Desde que me lembro, ouvia o Jorge nos pedindo para rezar por ele. Acho que é como ele pavimentou o seu caminho."
Nos últimos anos, o artista plástico Gustavo Massó ajudou a diminuir a distância entre os dois. Em uma visita ao Vaticano, entregou a Francisco uma escultura da mão de Mariela acompanhada de uma gravação de sua voz, dizendo: "Olha, eu gostaria de estar com você e te abraçar. Acredite, estamos nos abraçando. Apesar das distâncias, estamos muito próximos." A homenagem emocionou profundamente o papa.


