Paris: Crianças sem-teto são autorizadas a dormirem nas escolas
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Com o inverno se aproximando na capital francesa, políticos e associações chamam a atenção para um problema no país: cerca de 400 crianças dormem nas ruas de Paris todas as noites. Para compensar a falta de moradia e acomodações de emergência, escolas locais estão acolhendo famílias no período da noite.
Segundo divulgou o portal Franceinfo, que esteve em uma dessas escolas no 18.º distrito de Paris, mais de 40 famílias de alunos da pré-escola não possuem uma moradia fixa e passam a noite nas ruas parisienses.
Conforme repercutido pelo UOL, com informações do site francês, Franceinfo, o país soma 1.990 crianças em situação de rua, um número que dobrou em relação a 31 de janeiro de 2022 e subiu 20% quando comparado com o mesmo período no ano passado.
Outro dado preocupante foi divulgado em agosto de 2023 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Federação dos Atores da Solidariedade. Segundo as entidades, a quantidade de mães solo sem-teto aumentou em 46% em relação a 2022.
O jornal Le Parisien também apontou que esta situação se agravou na última década, como alertou o Coletivo de Associações Unidas da França, que trabalha diretamente com a população sem-teto, este grupo soma 300 mil pessoas em todo o país.
Solução emergencial
Uma das entrevistadas pelo Franceinfo, Rachel, nasceu em Camarões, mas chegou ao país em fevereiro de 2021. Na conversa com o portal, ela explicou que já morou com seu filho em uma caixa de papelão em frente à prefeitura e em um quarto de hotel sem acesso a sanitários, antes de ser realocada para a escola do menino.
Eu costumava ligar para o número de emergência todos os dias e eles me diziam: 'No momento, não há quarto, não há solução. Ligue em uma semana'. Você não tem documentos, não tem casa, e fica perdido. É um pouco triste", afirmou Rachel.
Manon Luquet, um dos voluntários do coletivo “Une école, un toit” (“Uma escola, um teto”), lamentou a situação: “Três famílias ao mesmo tempo [dormindo na escola], como aconteceu em outubro, é uma situação bastante incomum. Na verdade, não é uma solução. É para ser uma solução emergencial, talvez por uma noite apenas”, disse o francês.
O verdadeiro problema é que isso parece possível e fácil, permitindo assim que o Estado [francês] se desresponsabilize e passe essa responsabilidade para os pais e professores que fazem o trabalho por eles", completou Luquet.
Inicialmente, a região conhecida como Île-de-France, se opôs a essas medidas. Agora, o governo da região anunciou a abertura de cinco liceus desocupados para acomodar as crianças e suas famílias.