Pétain: o marechal francês condenado à morte por colaborar com os nazistas
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"Um marechal francês jamais pede perdão. Só Deus e as próximas gerações poderão julgar. Isso basta à minha consciência e à minha honra. Deposito toda a minha confiança na França", disse o marechal Henri Philippe Pétain.
Foi com esse posicionamento que o marechal se apresentou durante seu julgamento na sala na 1ª Câmara do Tribunal de Apelação de Paris. Chefe de estado durante os quatro anos do regime de Vichy, Pétain foi condenado à morte por colaboração com os nazistas e traição da pátria.
A ascensão de Pétain
Filho de um agricultor com uma carreira militar sem questionamentos, Henri Philippe Pétain se tornou um herói da Primeira Guerra. Por resistir a ofensiva alemão, passou a ser chamado de "Salvador de Verdun"; uma referência a batalha mais longa dentro do conflito — que durou entre fevereiro e dezembro de 1916.
Por conta de seu sucesso, recorda matéria da Deutsche Welle, Pétain ganhou o posto de marechal e assumiu o comando das Forçar Armadas francesas. Pós-Primeira Guerra, já se tornara uma das personalidades mais populares do país.
Ainda que sua idade avançada pudesse ser um empecilho, assumiu o Ministério francês da Guerra em 1934. Mas seu maior desafio aconteceu seis anos depois, quando os nazistas invadiram a França pelas Ardenas, em março de 1940. Aquela altura, Pétain já tinha 86 anos, mesmo assim se tornou chefe de Estado francês.
Em 22 de junho de 1940, Pétain se encontrou com Hitler para assinar o Segundo Armistício de Compiègne, que dividiu a França em uma parte ocupada e em outra livre, o "Etat Français"; que tinha a cidade de Vichy como sede.
Comandante da 'zona livre', o marechal Henri Philippe Pétain se tornou um 'agente duplo' dentro do conflito. Embora o país fizesse parte dos Aliados, Pétain colaborou com práticas dos nazistas.
Entre elas, a tolerância a respeito da deportação de judeus para campos de concentração; o incentivo a estruturas camponesas e patriarcais; além de cumprir a ideologia nazista do "solo e sangue" — argumento usado por Hitler para promover a busca pela raça ariana.
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Por outro lado, Pétain conseguiu proteger os franceses dos horrores do Terceiro Reich e também manteve contato com os Aliados até 1944, quando a França de Vichy acabou. Escapando das tropas aliadas, se refugiou na Alemanha, mas voltou ao seu país com auxílio da Suíça após a capitulação alemã. Assim, precisaria ser julgado.
Condenado à morte
Mas a figura de Pétain tinha uma representatividade ímpar. Venerado pelos soldados de sua nação, o marechal fora acusado de alta traição e de colaborar com os planos de Hitler.
Representante de Vichy, se tornou um símbolo da humilhação que representou a passagem do Führer no país. Uma marca que jamais seria esquecida. E precisava pagar pelo que fez.
Embora se considerasse o "escudo da França", sendo Charles De Gaulle a "espada", Pétain foi um homem de poucas palavras em seu julgamento.
Os alemães me chamavam de raposa velha. Eu sou mesmo uma raposa velha. Mas se vocês acham que Vichy foi fácil, estão muito enganados. Eu jamais mostrei minhas verdadeiras intenções. Como na infantaria, nunca se deve colocar a cabeça para fora da trincheira antes da hora."
O resultado do julgamento foi conhecido na madrugada de 15 de agosto de 1945. "O tribunal condena o marechal Philippe Pétain à morte, suspende seus direitos de cidadão e confisca seus bens".
A decisão gerou reações diferentes. O marechal Pétain era um símbolo do país, e muitos desejavam não executá-lo. Charles De Gaulle era um deles. Renunciando a seu direito de indulto, conseguiu mudar para que a pena de morte do marechal foi convertida em prisão perpétua. O marechal Philippe Pétain morreu na prisão, na ilha de Yeu, em julho de 1951, aos 95 anos.
Em vídeo, o professor de História Vítor Soares relembra a saga da ocupação alemã da França. Confira o conteúdo abaixo!