Polêmica jurídica: A bizarra disputa legal pelo cadáver de Charles Manson
Aventuras Na História
Em agosto de 1969, os seguidores da seita de Charles Manson horrorizavam o mundo com o assassinato da atriz Sharon Tate, que estava grávida, e do casal LaBianca, influenciados pelos ideais apocalípticos de uma guerra racial estimulada por Manson, que convenceu dezenas de pessoas pela música, persuasão e sua filosofia Helter Skelter.
Sempre com crueldade e frieza, seus seguidores naturalistas foram pegos após os ataques em 1969 e condenados, sendo Manson conduzido a prisão perpétua, em 1971. Desde então, passou a ser uma figura de declarações públicas periódicas, mas ácidas, conquistando ainda mais seguidores pelo mundo.
Mesmo condenado, já recebeu 60 mil cartas de admiradores em um só dia, chegando a apadrinhar diversos “fã-clubes” replicadores de sua filosofia. O site MansonDirect.com, ativo até os dias atuais, chegou a ter contato direto como representantes de Manson fora da prisão, publicando atualizações sobre seu estado de saúde e declarações de interesse do guru.
Em 2013, começou a trocar cartas com Afton Elaine Burton, uma das representantes do website fanático. Na época com 27 anos de idade, Afton começou a visitar Charles com 79, quando noivaram. O casal até tentou casar por meios civis, registrando uma certidão, porém, o prazo de avaliação do juiz expirou sem efetivar o matrimônio.
Entrelaço jurídico
Manson morreu aos 83 anos na prisão, de causas naturais, às 20h13, do horário local, no dia 19 de novembro de 2017. Porém, nos dez primeiros dias de sua morte, ninguém compareceu ao Instituto Médico Legal do condado de Kern para reclamar o corpo do lunático. Prevendo um possível enterro como indigente, seu neto, Jason Freeman, decidiu ficar com o corpo e bens do avô.
Nos dias seguintes a decisão, instaurou-se uma batalha de duraria semanas. Mais quatro pessoas entraram na briga para obter o corpo de Manson. Elas alegaram que Jason, que não manifestava interesse em se relacionar com Charles durante a vida, não merecia enterrá-lo. As reivindicações eram de Michael Brunner, Michael Channels, Matthew Lentz e a ex-noiva Afton.
Michael Brunner e Matthew Lentz afirmavam ser filhos de Manson e solicitavam o reconhecimento da paternidade enquanto fosse possível analisar seu material genético, porém, Lentz teve a solicitação descartada pelo juiz, pois só solicitava os bens materiais de Charles e não a posse do corpo.
Michael Channels era amigo pessoal de Manson por décadas, chegando a fazer diversas visitas e dando dicas sobre seu relacionamento com Afton, apresentando diversas fotos e cartas para comprovar a amizade. De acordo com Channels, sua solicitação era a única que realmente tinha um interesse que respeitasse o seu desejo em vida.
Plano revelado
Sua ex-noiva, entretanto, teve seu plano revelado pelo jornalista Daniel Simone; junto ao amigo Craig Hammond, o plano de aproximação foi montado para que, assim que a certidão fosse assinada, Afton tivesse a ligação mais próxima para obter o corpo de Manson. O plano da dupla era expor seu corpo em um túmulo de vidro e cobrar ingressos.
Inspirados no Túmulo de Lenin, já haviam procurado um espaço bem localizado para receber as instalações de sua sepultura na California, prevendo o sucesso comercial da empreitada. Porém, o Simone afirmou que, ao saber que havia esse interesse, Manson ainda vivo, acreditou que a ideia era estupida: “Ele sente que nunca vai morrer”.
Apesar das solicitações, o duradouro julgamento fez o corpo de ser armazenado em uma câmara fria durante mais de três meses, de dezembro de 2017 até o início de março de 2018, quando a justiça definiu que os comprovados laços de sangue de seu neto herdariam os restos mortais do avô.
Durante o processo, o corpo foi mantido em segredo de justiça em um local onde não pudesse haver acesso de fãs ou manifestantes contrários. Apesar de propostas para exposição e compra do corpo de Manson, Jason optou por cremar o avô para não haver nenhuma tentativa de saquear seu cadáver ou algum tipo de forma de escarnecer ou endeusar seu túmulo.
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