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Projeto Blue Peacock: Quando galinhas foram usadas em minas nucleares
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Projeto Blue Peacock: Quando galinhas foram usadas em minas nucleares

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Aventuras Na História
08/01/2023 10h00
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©Getty Images
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Após o fim da Segunda Guerra Mundial, um dos maiores conflitos presenciados pela história da humanidade, entre os lados do Eixo (formado por Alemanha, Itália e Japão) e dos Aliados (Reino Unido, França, União Soviética e Estados Unidos), uma nova disputa foi iniciada: a Guerra Fria.

Em um mundo dividido ideologicamente entre os Estados Unidos e a União Soviética — outrora nações aliadas —, a Guerra Fria culminou em um dos períodos mais sombrios que a humanidade já presenciou, com uma disputa, acima de tudo, tecnológica entre as nações, que eram também as maiores potências nucleares da época

O palco principal para a disputa, que recebeu todos os holofotes da época, era a Alemanha — na época, dividida pelo Muro de Berlim entre os lados Oriental (socialista, aliado da URSS) e Ocidental (capitalista, aliada dos EUA). Porém, outra nação, também aliada aos norte-americanos, queria exercer um papel importante no conflito: os britânicos. E assim surgiu o 'Project Blue Peacock' ('Projeto Pavão Azul', em tradução livre).

Documentos do Projeto Blue Peacock
Documentos do Projeto Blue Peacock / Crédito: Getty Images

Projeto Blue Peacock

No início da década de 1950, o Estabelecimento Real de Pesquisa e Desenvolvimento de Armamentos da Grã-Bretanha (RARDE) buscava incansavelmente alguma forma de superar o exército soviético com armas nucleares — uma missão extremamente difícil —, até que chegaram à ideia de utilizar minas terrestres atômicas. E foi assim que surgiu, ou pelo menos começou a se moldar, o que seria chamado de Projeto Blue Peacock.

De acordo com o site All That's Interesting, a ideia dos britânicos era de enterrar as minas na planície do norte da Alemanha e, caso os soviéticos cruzassem para o lado Ocidental do país por aquele trajeto, só após montarem quartéis-generais e depósitos de suprimentos, seriam surpreendidos com uma grande explosão abaixo de seus pés.

Com cerca de 10 quilotons e pesando sete toneladas, cada arma tinha cerca de metade da potência da bomba que destruiu Nagasaki em 1945 e deixaria uma cratera maior que um campo de futebol no solo ao explodir.

Além disso, após a detonação, grandes áreas da Europa seriam cobertas por precipitação radioativa, o que impossibilitaria a ocupação da região e, por fim, convenceria os soviéticos a deixar a Alemanha.

Bomba movida à galinha

No entanto, por mais que a ideia parecesse promissora — apesar de destrutiva e completamente avassaladora —, os engenheiros britânicos responsáveis pelo Projeto Blue Peacock encontraram uma dificuldade em específico: a detonação dos explosivos.

Como era esperado que os soviéticos montassem seus acampamentos antes de ativar a bomba, para que os danos fossem maximizados, foi cogitada a colocação de um cronômetro de oito dias para a explosão.

Porém, ainda havia outro problema: o clima. Como as temperaturas do norte da Alemanha muitas vezes caíam para abaixo de zero durante o inverno, especialmente no subsolo, havia um risco muito grande de as minas terrestres simplesmente falharem na detonação.

A princípio, a ideia para contornar esse problema seria embrulhar cada bomba com travesseiros de fibra de vidro para manter o calor, mas logo um plano mais inusitado foi mais atrativo: utilizar galinhas nas bombas.

Protótipo de mina terrestre do Projeto Blue Peacock
Protótipo de mina terrestre do Projeto Blue Peacock / Crédito: Getty Images

Teoricamente, aves vivas seriam colocadas dentro do invólucro de cada bomba, com comida suficiente para sobreviverem por oito dias. O calor do corpo dos animais manteria a mina aquecida até a hora de detonar — e eles seriam mortos na explosão resultante se ainda não tivessem morrido de fome.

Fim da operação

Os britânicos trabalharam no Projeto Blue Peacock, no entanto, por somente quatro anos, até que, em 1958, o Ministério da Defesa cancelou o projeto “politicamente falho”, citando preocupações sobre a precipitação radioativa e a destruição do território de seus aliados.

Porém, mesmo após ter sido descartado, o projeto ainda foi mantido em segredo por um tempo. Foi somente em 2004 que informações sobre o plano foram divulgadas.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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