Quem é a atriz que emociona internautas na série sobre a boate Kiss
Aventuras Na História
'Todo Dia a Mesma Noite' é uma nova série da Netflix que conta a excruciante história do incêndio que marcou a história recente do Brasil, na Boate Kiss, no dia 27 de janeiro de 2013. Localizada na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a casa noturna foi palco de uma tragédia que matou 242 pessoas e feriu outras 636.
Na série — inspirada no livro homônimo escrito pela jornalista Daniela Arbex, publicado em 2018 —, são apresentados os eventos anteriores ao fatídico incêndio, que culminaram na tragédia, além de todas as questões judiciais posteriores e uma chocante representação da catástrofe, que vem arrancando lágrimas dos espectadores desde a última quarta-feira, 25, quando teve sua estreia na Netflix.
"Ao reconstituir de maneira sensível e inédita os acontecimentos da madrugada de 27 de janeiro de 2013, quando a cidade de Santa Maria perdeu de uma só vez 242 vidas, Daniela Arbex constrói uma obra que homenageia as vítimas e dá voz aos envolvidos em um dos episódios mais estarrecedores da história do país", descreve a sinopse da minissérie.
Entre todas as histórias contadas na série, uma das mais emocionantes com certeza é a da jovem Grazi, que, embora tenha sobrevivido ao incêndio, foi resgatada gravemente ferida e, infelizmente, perdeu parte de uma perna.
E para interpretar a personagem, a atriz Paola Antonini — que também perdeu uma perna, em um acidente de trânsito no fim de 2014 — até mesmo foi conhecer a terapeuta ocupacional Kelen Ferreira, que inspirou em partes a história de Grazi, tendo sido uma das sobreviventes da Boate Kiss, que perdeu umaperna na noite da tragédia.
Acidente
Paola Antonini é uma modelo que, em 2014, viu sua vida mudar completamente de forma abrupta. Isso porque no dia 27 de dezembro daquele ano, quando ainda tinha apenas 20 anos, ela sofreu um grave acidente que fez com que se tornasse necessária a amputação de sua perna esquerda.
Na ocasião, ela e o namorado, Arthur, se preparavam para uma viagem que fariam para Búzios, no Rio de Janeiro, onde passariam aquela virada de ano. Porém, ainda em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, onde vivia, por volta das 5h da manhã, o casal foi atingido por um carro.
De acordo com o portal Splash, do UOL, o motorista era um homem de 24 anos, que estava alcoolizado enquanto dirigia e, no momento, havia abaixado para pegar o celular, que caiu no chão do veículo. Foi com isso que ele perdera o controle do carro, e acabou atingindo Paola e Arthur.
Renascimento
Logo após o acidente, o casal foi resgatado. Arthur apresentava somente alguns ferimentos leves; porém Paola teve um quadro mais grave, ficando prensada entre dois carros.
Apesar de tudo, familiares de Paola relataram, na época, que ela manteve a calma no local até que o resgate chegasse. Antes de entrar na sala de cirurgia, porém, a jovem perguntava se iria morrer naquele dia, e se preocupava com a possibilidade de não poder se despedir de ninguém.
Depois de 14 horas de cirurgia, Paola finalmente foi liberada do centro cirúrgico, tendo a perna esquerda amputada, logo abaixo do fêmur. Porém, ela nunca permitiu que o acidente a abalasse. Aos 28 anos, ela é conhecida não só por falar constantemente sobre como é ser uma pessoa que teve um membro amputado, quebrando estigmas, como também é fundadora do Instituto Paola Antonini, de reabilitação a pessoas com deficiência.
"Foi um momento que mudou muita coisa e principalmente me fez querer viver mais e mais e tentar coisas novas. Todo mundo falava: isso aqui vai ser difícil. Daí eu falava: então vou tentar. E aí eu comecei a me exercitar muito, a tentar coisas como skate, surfe, dança… Todos os esportes possíveis", disse Paola em entrevista à BBC em 2021.
O instituto
Paola, autora do livro "Perdi uma parte de mim e renasci", também falou sobre a importância de ter criado o instituto. Em entrevista à Revista Encontro, ela comentou sobre as ações do instituto.
"Criar o Instituto foi um grande avanço. Antes eu fazia ações menores, ajudava como eu podia e convidava meus seguidores para ajudarem também. Mas quando criei meu instituto, no final de 2020, quis expandir isso, colocando empresas e mais pessoas para ajudar. Conseguimos dar próteses boas para devolver qualidade de vida para essas crianças e jovens. É o que me move, o que me faz feliz, e eu sinto que é o meu propósito por aqui", disse ela.