Quem foi Linda Kasabian, a mulher responsável pela ruína da Família Manson
Aventuras Na História
Foi divulgada recentemente a informação de que Linda Kasabian, uma mulher fortemente envolvida com a seita da 'Família Manson' na época em que diversos assassinatos foram cometidos, morreu no final do último mês de janeiro, aos 73 anos. Ela, por sua vez, foi a principal responsável pela prisão dos demais membros, em especial o líder do grupo, Charles Manson, ao prestar depoimento durante julgamento dos casos.
Conforme apurado pela Aventuras na História, a sequência mais assustadora de fatos relacionados à Família Manson ocorreram entre os dias 9 e 10 de agosto de 1969, quando os seguidores de Mansonassassinaram sete pessoas — entre elas, a atriz Sharon Tate, esposa do cineasta Roman Polanski, que estava grávida de 8 meses, e outros quatro amigos: Abigail Folger, Wojciech Frykowski, Jay Sebring e Steven Parent.
E, como cúmplice do crime que chocou não só os Estados Unidos, como ficou marcado na história de Hollywood, estava Linda Kasabian.
Infância e adolescência
Linda Kasabian cresceu em uma família comum de classe média de Nova Hampshire, um estado norte-americano, tendo sido sempre considerada, na escola, uma aluna exemplar, com boas notas e que se destacava nos esportes. Até que, em dado momento de sua vida, seus pais se separaram e a jovem Kasabian não se dava bem com o padrasto, além de ter sofrido com a falta de atenção da mãe.
Então, aos 16 anos, fugiu de casa em direção ao oeste "à procura de Deus". No auge do movimento hippie, não demorou para que Linda adotasse o estilo de vida e começasse a viver em uma comunidade no interior, onde começou a se envolver mais intensamente com drogas.
No período, se casou e separou duas vezes, tendo uma filha, Tanya, em 1968, com o segundo marido. Porém, com o fim do relacionamento, retornou para a casa de sua mãe, mas isso não durou muito: logo, o ex-companheiro, Robert Kasabian, entrou em contato e disse sentir falta de Linda e da bebê, então eles voltaram a viver juntos em uma comunidade hippie em Los Angeles, na Califórnia.
Nova Família
Já em 1969, pouco depois de voltar a viver com Robert, Linda Kasabian começou a se sentir insatisfeita com o casamento e, com sua filha e uma outra mulher chamada Catherine Share, foram para um recinto que esta última alegava ser uma espécie de "paraíso na Terra", onde outros jovens hippies se abrigavam: o ranchoSpahn, nos subúrbios de Los Angeles, local onde finalmente conheceu Charles Manson.
Uma vez em contato com o lunático, parte da tragédia que Linda Kasabian viveria parecia ter começado. No acampamento, que era basicamente uma seita encabeçada por Charles Manson — tanto que o grupo se referia como a 'Família Manson' —, ela começou a praticar crimes leves em prol daquela comunidade, como pequenos furtos, enquanto também era coagida a praticar atos sexuais com diversas pessoas do local.
Com o tempo, Linda foi conquistando cada vez mais confiança de Manson — além de que ela era especialmente útil, por ser a única com licença de motorista válida —, de forma que se tornou a motorista oficial das aventuras noturnas criminosas que o grupo tinha. E em uma dessas missões, que até então consistiam apenas em pequenos furtos, ela teve a vida virada de cabeça para baixo.
Assassinatos
Na madrugada do dia 9 de agosto de 1969, Linda e outros três membros da Família Manson — Tex Watson, Susan Atkins e Patricia Krenwinkel — foram até uma grande casa em Bel Air, uma área residencial de pessoas mais ricas e, acreditando que aconteceria somente mais um roubo, permaneceu no carro enquanto seus comparsas invadiram a propriedade.
No entanto, conforme ela lembrou em depoimento ao júri posteriormente, logo ela ouviu gritos horríveis de dentro da mansão e deixou o carro, até que se deparou com Wojciech Frykowskiensanguentado e tentando fugir pelo jardim, enquanto era seguido por Tex Watson.
Naquela noite, o grupo havia invadido a mansão da atriz Sharon Tate e do cineasta Roman Polanski, que eram casados e esperavam um bebê — Sharon estava grávida de 8 meses —, onde abrigavam, como convidados, Abigail Folger, Jay Sebring, Wojciech Frykowski, e Steven Parent, um adolescente amigo do caseiro da mansão. Quem não estava no local era o próprio Polanski; o restante, foram todos mortos.
Depois de ter visto toda a brutalidade do local, Linda retornou para o carro em estado de choque e aguardou o retorno de seus companheiros. Quando chegaram, voltaram todos ao Spahn Ranch, para prestar contas a Manson, mas a série de assassinatos não acabaria por aí.
Na noite seguinte, Linda foi motorista de mais uma dessas incursões, mas dessa vez com a presença do próprio Manson na missão. Lá, o líder da seita dissera estar presente para ensiná-los como assassinar adequadamente as pessoas, pois acreditava ter faltado brutalidade na noite anterior — embora as pessoas tenham sido baleadas, esfaqueadas e até mesmo enforcadas. Foi nessa ocasião que morreram Leno e Rosemary LaBianca.
Dois dias após os assassinatos, Linda fugiu do acampamento de Manson — sem a filha, pois as crianças eram constantemente vigiadas por pessoas de confiança do líder da seita —, estando grávida novamente, mas dessa vez sem saber quem era o pai da criança, e voltou para a casa da mãe.
Depois de incendiarem uma propriedade, a Família Manson chegou a ser presa pela polícia, mas foram rapidamente liberados, visto que os outros crimes não foram descobertos.
Julgamento
Inesperadamente, em dezembro daquele mesmo ano, uma das pessoas envolvidas no assassinato de Sharon Tate, Susan Atkins, contou a companheiras de cela que participara da chacina em Bel Air.
Porém, como não haviam provas exceto o que a detenta dissera — que posteriormente ela negou —, foi oferecido a Linda Kasabian, a única que não feriu nenhuma pessoa diretamente, embora tenha sido cúmplice, a oportunidade de se livrar completamente de qualquer punição penal, contanto que atuasse como testemunha ocular da investigação.
Apesar das ameaças que sofreu, com outros membros da Família Manson ameaçando-a e dizendo que ela era uma traidora, Linda prestou depoimento completo e, com ele, os criminosos envolvidos nos assassinatos de agosto de 1969 foram finalmente presos.
Depois do caos
Em março de 1971, dois anos após os assassinatos, todos os envolvidos nos crimes foram condenados à morte, pena esta que depois mudou para prisão perpétua. Já Linda, de fato saiu impune, e depois de tudo tentou desaparecer no anonimato, visando recomeçar uma vida normal.
A princípio, voltou para Nova Hampshire com Tanya — no meio tempo, recuperou a guarda da filha — e Angel, além de ter reatado o casamento com Robert. Com isso, começou de fato a viver uma vida mais tranquila, tendo sido detida outra vez por posse de entorpecentes em Washington.
Por fim, no dia 21 de janeiro desde ano, 2023, ela veio a falecer em um hospital na cidade de Tacoma, em Washington, aos 73 anos, conforme repercutido pelo TMZ. A causa de sua morte, porém, ainda é desconhecida.
Com informações de: 'Linda Kasabian Interview 1988 Tate Murder Sepcial', 'Larry King 2009 Interview with Linda Kasabian and Vincent Bugliosi' (disponíveis no Youtube), Mirror e The Sun.