Relembre a curiosa descoberta do quarto de escravizados em Pompeia
Aventuras Na História
No ano de 79 d.C., a erupção do vulcão Vesúvio deixou a cidade de Pompeia soterrada. Com isso, grande parte do conhecimento da vida cotidiana da região se perdeu, principalmente dos escravizados — uma casta social cujo estilo de vida segue pouco conhecido até hoje.
Mas, em 2021, a divulgação de uma descoberta na cidade de Civita Giuliana, no Parque Arqueológico de Pompeia, ao sul do país, deu um novo panorama sobre a vida destas pessoas. Relembre!
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Uma nova visão de Pompeia
Em 6 de novembro de 2021, o Ministério de Bens Culturais da Itália anunciou uma descoberta que seria capaz de enriquecer "ainda mais o conhecimento da vida cotidiana" dos moradores de Pompeia antes da erupção do Vesúvio: um quarto usado por escravizados.
Embora pequeno, com apenas 16 metros quadrados, o cômodo surpreendeu os arqueólogos devido seu "excepcional estado de conservação", conforme relatado à época por Dario Franceschini, ministro de Bens Culturais da Itália. A descoberta foi fruto de um trabalho iniciado em meados de 2017 ao norte de Pompeia.
Na ocasião, reportou a agência ANSA, o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foram três camas de cordas e tábuas, trabalhadas de maneira grosseira. A simplicidade dos móveis se dava por sua praticidade, afinal, poderiam ser montados de acordo com a altura de quem fosse dormir ali. Perto das camas, também havia evidências de esteiras que cobriam um mictório.
Uma descoberta excepcional, porque é realmente muito raro que a história devolva os detalhes dessas vidas", celebrou Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico.
Zuchtriegel também revelou que as camas estavam dispostas em forma de ferradura e possuíam tamanhos diferentes: as maiores com cerca de 1,70 metros e a menor com 1,40.
A explicação do especialista é muito simples: tudo indica que poderia tratar-se de uma família de escravizados, sendo que a cama menor pode ter pertencido a uma criança. "A aparência é de móveis essenciais, muito simples", descreveu.
Outros achados
Além das camas, o cômodo ainda escondia outros vestígios da vida em Pompeia. Afinal, no local foram identificados ferramentas de trabalho, o leme de uma caroça (seus restos foram encontrados do lado de fora do quarto), arreios de cavalo e jarras de cerâmica.
No local também foram encontradas ânforas. Elas estavam espalhadas pelo lugar e eram usadas, muito provavelmente, para armazenar itens e objetos pessoais dos escravizados.
Além de servir de quarto para um grupo de escravos, talvez uma pequena família, como sugere o berço infantil, o ambiente servia de depósito, conforme evidenciado por oito ânforas agrupadas nos cantos deixados livres para esse fim", finalizou Franceschini.
Por fim, vale ressaltar que acredita-se que os escravizados que viviam no local eram responsáveis pelos cuidados de uma antiga vila romana. Entre suas tarefas, provavelmente, estavam a realização de obras de manutenção e a preparação das charretes de seus senhores.
Os especialistas também relataram que o quarto tinha apenas uma pequena janela superior e não dispunha de nenhum tipo de decoração nas paredes.