Sofrendo com o luto, pais de vítimas da Boate Kiss foram processados por difamação
Aventuras Na História
Na última quarta-feira, 25, a Netflix adicionou em seu catálogo a minissérie 'Todo Dia a Mesma Noite'. Inspirada em livro homônimo e escrito por Daniela Arbex, a produção apresenta uma história de todos os eventos que culminaram no fatídico incêndio do dia 27 de janeiro de 2013 na Boate Kiss, na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, que resultou na morte de 242 pessoas.
Na minissérie, diversos aspectos sobre o incêndio e algumas curiosidades são apontadas, a partir de uma extensa investigação de fatos, feita ao longo de anos por Arbex. Porém, toda a trama em torno do evento não se limita somente às causas e à tragédia, de forma que anos depois ainda ocorriam processos contra os organizadores e, também, contra os pais de algumas das vítimas.
Início dos processos
Conforme repercutido na época pelo GZH, o caso de processos contra os pais das vítimas começou em abril de 2015, quando familiares das vítimas fixaram, em diversos pontos da cidade de Santa Maria, cartazes criticando órgãos públicos e o promotor Ricardo Lozza pela tragédia. Neles, que continham fotos de Lozza, era dito que "o Ministério Público e seus promotores também sabiam que a boate estava funcionando irregularmente."
Ofendido com as acusações, Ricardo Lozza entrou com uma ação contra o presidente e o vice-presidente da Associação de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), movida pelo Ministério Público, Sérgio da Silva e Flavio Silva. Porém, em 2018 o processo foi extinto a mando do juiz Leandro Augusto Sassi, visto que não apresentava uma das condições necessárias para prosseguir: justa causa.
Outros processos
Foi somente em 2018 que os dois últimos processos contra pais de vítimas da Boate Kiss foram extintos. Porém, de 2015 até então, outras ações também foram movidas, todas partindo exclusivamente de três promotores: Joel Dutra, Maurício Trevisan e Ricardo Lozza.
Entre os processos, destaca-se um que foi absolvido em julho de 2017, contra o pai de Paulo Carvalho, uma das vítimas. Segundo o GZH, ele respondia por calúnia e difamação, sendo a ação ingressada por Joel Dutra e Maurício Trevisan, que citavam um artigo do homem que acusava membros do Ministério Público de "corporativismo" e "protecionismo".
Além dele, Irá Mourão Beuren — mais conhecida apenas como 'Marta' —, também foi processada (e inocentada) em um processo que a acusava de cometer injúria, difamação e falsidade ideológica. A ação, por sua vez, foi movida pelo promotor aposentado, João Marcos Adede y Castro, e seu filho, o advogado Ricardo Luís Schultz Adede y Castro.
A ação foi iniciada depois que Irá publicou, também em 2015, um artigo em um jornal da cidade de Santa Maria em que alegou que Ricardo se tornara advogado da Boate Kiss depois da aposentadoria do pai, que atuava na promotoria desde quando a casa de festas era investigada apenas por poluição sonora. Para os acusadores, o texto evidenciava "a intenção da ré de criar situação difamatória" contra eles.
Porém, vale dizer que nenhum dos processos contra pais de vítimas do incêndio foi vencido pelos acusadores, de forma que todos os réus foram inocentados.
Todo Dia a Mesma Noite
'Todo Dia a Mesma Noite' é um livro publicado em 2018, escrito pela jornalista Daniela Arbex, onde ela desenvolve uma "reportagem definitiva sobre a tragédia que abateu a cidade de Santa Maria em 2013 relembra e homenageia os 242 mortos no incêndio da Boate Kiss", segundo a descrição da obra.
Já a minissérie homônima da Netflix, criada por Gustavo Lipsztein, narra toda a série de falhas de segurança que implicaram no fatídico incêndio, que marcou para sempre a história não só de Santa Maria, como do Brasil, em 5 episódios que variam de 41 a 45 minutos. Confira o trailer: