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Sudário de Turim não teria sido usado para envolver corpo de Jesus, revela estudo
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Sudário de Turim não teria sido usado para envolver corpo de Jesus, revela estudo

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Aventuras Na História
31/10/2024 16h50
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16386186/original/open-uri20241031-18-19xn3jy?1730393982
©Wikimedia Commons via Dianelos Georgoudis; Divulgação/Cicero Moraes
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Muitas pessoas acreditam que o Sudário de Turim foi o pano utilizado para envolver o corpo de Jesus Cristo após sua morte, enquanto outros o consideram uma obra medieval ou até mesmo uma falsificação desse período. 

O sudário, uma peça de linho com aproximadamente 4,4 m x 1,1 m, exibe a imagem frontal e traseira de um homem adulto com barba e cabelo longo, mãos sobre a região genital e sinais de violência física.

sudário
Sudário de Turim, tecido que teria envolvido o corpo de Jesus Cristo / Crédito: Reprodução/Domínio público

Sua primeira menção remonta a 1355, na França, e desde então tem gerado intensos debates, com duas principais correntes: uma que defende sua autenticidade e outra que o considera uma obra ou falsificação medieval.

Um estudo recém-lançado do designer brasileiro Cicero Moraes, publicado no portal SSRN, da Elsevier, e enviado ao site Aventuras na História, apresenta uma nova interpretação sobre o Sudário. 

"O Santo Sudário é apresentado como se ele tivesse envolvido um corpo humano. Que seria uma impressão feita através dos fluídos corporais: sangue e/ou alguma outra substância que imprimiu esse padrão que a gente conhece hoje como Sudário", explica Moraes à equipe do Aventuras.

O designer explica que, um humano com aquelas características impressas no Sudário, ao se fazer sua modelagem em 3D (usando um humano parecido, ou um manequim em 3D), usar a pigmentação com fluído e colocar o tecido em cima, o resultado será muito mais robusto, de uma pessoa mais forte e mais pesada. "Além disso, ela também será bastante deformada. Ela não vai ter um formato retilíneo das pernas e dos membros".

"No entanto, se a gente usar um baixo relevo, com aquelas características, pigmentar um fluído e colocar um tecido em cima, ele vai manter as características do corpo como se fosse uma fotocópia do corpo. Não teria a deformação da outra técnica", explica. 

Resultados

Para chegar no resultado de seu estudo, Cícero Moraes realizou os dois tipos de testes: um com manequim, com características de um corpo real (um adulto de 1,80 m, mais ou menos); e outro em baixo relevo. 

E esse baixo relevo rendeu uma imagem mais compatível com o Santo Sudário", aponta.

Os padrões das manchas sugerem que a impressão no Sudário é mais compatível com uma base em baixo-relevo,técnica artística em que a imagem se projeta levemente acima do fundo, mantendo os contornos e características principais integrados à superfície. O trabalho foi realizado em um ambiente digital com software de modelagem 3D livre e de código aberto, permitindo que outros pesquisadores possam replicar a técnica.

Essa técnica é frequentemente utilizada em monumentos e placas, criando uma ilusão de profundidade. No contexto do Sudário, esta hipótese sugere que a figura representada não foi gerada a partir de um corpo humano real, mas sim de uma forma tridimensional esculpida em uma superfície que transferiu suas características para o tecido por meio de uma técnica de impressão.

Ajuste paramétrico de um ser humano segundo dados do Sudário de Turim / Crédito: Divulgação/Cicero Moraes
Modelo tridimensional ajustado à figura do sudário, proveniente de imagem disponível em Wikimedia Commons e editado no software The Gimp (https://www.gimp.org/) para que a cor estava invertida e apresentava maior contraste. / Crédito: Divulgação/Cicero Moraes
Simulação dinâmica de tecido / Crédito: Divulgação/Cicero Moraes
Comparação de malhas em relação à proximidade / Crédito: Divulgação/Cicero Moraes
Simulação de tecido com coloração por contato / Crédito: Divulgação/Cicero Moraes
Processo de criação da malha em baixo relevo e comparação da simulação física do tecido / Crédito: Divulgação/Cicero Moraes
Comparação entre o modelo 3D e baixo relevo, vista ortográfica lateral / Crédito: Divulgação/Cicero Moraes
Comparação entre o modelo 3D e a vista ortográfica lateral em baixo relevo / Crédito: Divulgação/Cicero Moraes
A) Textura de toque no modelo tridimensional na imagem do sudário. B) Textura do Sudário de Turim. C) Textura do modelo em baixo relevo sobre a imagem do sudário / Crédito: Divulgação/Cicero Moraes

Isso oferece uma alternativa à interpretação tradicional de que o sudário envolveu um corpo real após a crucificação de Jesus, sugerindo que poderia ter sido criada como um objeto artístico, e não como um artefato religioso autêntico.

Adicionalmente, uma representação em baixo-relevo tende a ter uma estética distinta, com linhas mais definidas e clareza nas formas. No caso do Sudário, isso poderia explicar a aparência rígida e estilizada da imagem, que, segundo críticos citados Moraes no estudo, não se alinha com as expectativas de como um corpo humano deveria parecer após a morte. 

"Qualquer adulto cuidadoso pode testar isso em casa, por exemplo, pintando o rosto com algum pigmento líquido, usando um grande guardanapo ou toalha de papel, ou até mesmo um tecido, e envolvendo-o ao redor do rosto. Depois, retire o tecido, espalhe-o em uma superfície plana e veja a imagem resultante. Essa deformação é conhecida como o efeito Máscara de Agamémnon, pois se assemelha a esse artefato antigo", explicou o designer em um vídeo publicado no Youtube. 

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Efeito Máscara de Agamémnon testado pelo próprio Cicero Moraes / Crédito: Reprodução

Arte funerária?

Conforme aponta o designer, as características rígidas do corpo na peça são mais artísticas do que anatômicas, revelando uma conexão com a arte funerária europeia do período medieval, que apresenta elementos bastante compatíveis com os encontrados no Sudário.

Durante a Idade Média, esse estilo de arte muitas vezes refletia crenças espirituais e a representação do corpo humano em estado de transição, o que poderia incluir influências estilísticas e simbólicas.

Muitos túmulos e monumentos daquela época apresentavam imagens de corpos de forma estilizada, enfatizando não apenas a dor da perda, mas também a esperança na vida após a morte. A similaridade entre essas obras e a imagem do Sudário pode ser vista nas linhas estilizadas e na representação rígida, que se alinha com a estética das efígies funerárias e outras formas de arte religiosa da época.

Esses elementos estilísticos da arte funerária medieval podem ser interpretados como uma forma de preservação da memória do falecido, moldando a maneira como a morte e a ressurreição eram percebidas na cultura cristã.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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