Telegram manteve canal neonazista no ar sabendo que criador incitava violência
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O aplicativo de troca de mensagens Telegram manteve um canal neonazista em operação, mesmo que soubesse que o criador do grupo já esteve envolvido com "conteúdo que incita à violência", segundo a própria empresa em um e-mail para a Polícia Federal (PF).
A PF havia pedido informações sobre os membros do canal extremista no dia 10 de abril, após descobrir que o assassino que matou uma criança e três professores em Aracruz, no Espírito Santo, fazia parte do grupo, onde ele recebia orientações e conteúdos sobre atentados violentos em escolas.
“Os dados privados relacionados ao usuário criador/administrador do grupo estão disponíveis excepcionalmente, pois o usuário esteve anteriormente envolvido com conteúdo envolvendo incitação à violência. Neste sentido, o Telegram reitera que uma ordem judicial válida é necessária para a divulgação dos dados pessoais existentes do usuário”, explicou a empresa em um e-mail no dia 19 de abril, nove dias após o pedido da PF.
Suspensão
Segundo o portal de notícias g1, a Justiça determinou no dia 20 de abril que o Telegram entregasse todos os dados ocultos sobre os integrantes do grupo extremista, como números de telefone. A empresa entregou algumas informações no dia seguinte, mas afirmou que não era mais possível rastrear o grupo porque ele havia sido apagado.
Precisando do número de telefone do administrador do grupo, a Justiça decidiu, depois de esperar sem receber pelas informações, suspender o funcionamento do aplicativo no Brasil nesta última quarta-feira, 26. De acordo com o g1, a cada dia que não entregarem os dados, o Telegram arcará com uma multa de R$ 1 milhão.
“O ambiente é tão seguro para ocultação das identidades dos seus usuários que o aplicativo concorre com o também preocupante ambiente proporcionado na 'dark web', porém, com o atrativo de ser um aplicativo simples e de fácil manuseio para quem não detém maiores conhecimentos de informática, o que seria necessário para a utilização da deep web”, afirmou a PF em uma parte do inquérito.