Videotexto: A história do serviço visionário que antecedeu a internet
Aventuras Na História
Durante as décadas de 1980 e 1990, surgia um serviço capaz de emular a comunicação em tempo real através de códigos e texto, mesmo que ainda longe da internet estar disponível para o público geral. Com tal promessa, emergia nacionalmente o teletexto, que ficou conhecido em terras tupiniquins como “videotexto”.
Esse sistema de transmissão de dados e serviços interativos permitia aos telespectadores acessar uma variedade de conteúdos em monitores de vídeo, utilizando o sinal de transmissão existente. Seu acesso poderia ser feito tanto em televisores domésticos quanto em pontos movimentados de diversas capitais, onde os tais monitores eram encontrados como totens de autoatendimento.
De acordo com a BBC, sua criação vem da França, sendo administrado por um pool entre os correios e serviços de telecomunicação e teledifusão após anos de testes. Por lá, ganhou o nome de “Minitel” e, originalmente, servia para consultar dados comerciais, informações sobre mobilidade urbana e buscas em listas telefônicas. Contudo, nos anos seguintes, foi desbravado de diversas formas.
O videotexto utilizava um formato simples de texto em preto e branco, com fundo colorido, para apresentar notícias, previsões do tempo, resultados esportivos, guias de programação e muito mais.
As informações eram organizadas em páginas numeradas e os usuários podiam navegar entre elas por meio de um controle remoto ou dos botões do aparelho de vídeo, como informou o portal Terra.
Apesar de oferecer conveniência e acesso imediato às informações, o serviço apenas recebia informação, ou seja, não enviava nenhum tipo de mensagem, como hoje temos na internet.
Mesmo assim, foi adaptado e chegou a possibilitar os primeiros caixas eletrônicos do Brasil, mesmo que somente para checagem de extratos. Através das teclas, os usuários inseriam o número da página ou serviço desejado e obtinham os dados atualizados quase em tempo real.
Funcionamento no Brasil
De acordo com a Folha de S. Paulo, o videotexto chegou de forma experimental no Brasil em 1982 pela Telesp, antiga empresa de telefonia do Estado de São Paulo, cativando cerca de 100 mil usuários ativos dos serviços de informação nos 13 anos seguintes, especialmente em seus terminais físicos para cotações da Bolsa e leituras de notícias.
Dois anos depois, estava no Paraná, através da Telepar, e chegou no Rio de Janeiro pela Telerj, se espalhando pelas capitais mais numerosas do país. De acordo com relatório da Telebrás de 1987, onze estados já estavam interligados através do videotexto naquele ano. Além dos terminais físicos, era possível adquirir — e até piratear — uma versão doméstica por estas empresas.
Foi entrando em domicílios que o videotexto passou a oferecer recursos interativos limitados, como jogos simples, concursos e serviços de compras. Embora essas opções fossem modestas se comparadas aos recursos interativos disponíveis atualmente na internet, representavam um avanço tecnológico significativo na época.
Conforme apurado pelo jornalista Henrique Sampaio, do podcast Primeiro Contato, a facilidade fez com que empresas de grande nacionais porte, como a TV Globo, jornais impressos e varejistas instalassem terminais dentro de suas sedes, visando não apenas a comunicação interna, mas a transmissão de seu conteúdo pelo serviço. Contudo, foi gradualmente substituído por serviços online mais avançados.
A capacidade de transmitir informações de maneira rápida, interativa e visualmente rica pela internet tornou o videotexto obsoleto; em 1995, ele chegou a ser disponibilizado oficialmente para microcomputadores pela própria Telesp, mas deixou de ser útil, visto que sites com as mesmas informações já poderiam ser acessados livremente.
Com a privatização da telefonia no início do século 21, a Telefônica optou por encerrar o videotexto em novembro de 2003. Mesmo assim, serviço desempenhou um papel importante aos disponibilizar uma maneira prática de acessar conteúdos informativos de maneira direta, sem a necessidade de dispositivos adicionais.