"Propósito de vida": Protetora de animais faz relato emocionante de sua jornada ao RS
Bons Fluidos
Durante as enchentes no Rio Grande do Sul, algumas imagens marcaram a tragédia. O cavalo caramelo em cima de um telhado, imóvel, durante dias, é uma delas. O olhar assustado de cães e gatos, com fome e frio em meio a um cenário desolador é algo difícil de esquecer, principalmente para quem esteve lá. Se nós, da tela do computador, celular ou TV nos emocionamos, o que dizer de quem estava sentindo, literalmente, na pele, toda essa aflição?
Quando conversamos com Eduarda Pinheiro , protetora de animais de São Paulo, conseguimos entender de forma mais ampla o real significado da palavra PROPÓSITO. E é essa jornada de inspiração que ela conta pra gente neste bate-papo.
O que te levou a ir ao Rio Grande do Sul?
Eduarda conta que a decisão de ir como voluntária ajudar nos resgates foi quase imediata. “A primeira coisa que passou na minha cabeça foi ‘quem será que vai socorrer os animais?’ E aquilo me apavorou, pois eu via que muitas pessoas estavam socorrendo outras pessoas mas não via quase nada resgatando os animais! Me apavorei e fui atrás, de todo jeito, pra conseguir um barco. Demorei 4 dias pra conseguir.”
Momentos mais difíceis
Depois de conseguir um barco, começou as buscas em meio à água. E a tristeza foi grande ao ver que, para muitos, já era tarde demais. “Logo, já eu contei mais de 20 corpos de cães mortos, dois cavalos, um boi, um gato, pessoas mortas boiando… Tudo muito triste.”
Ela conta que, em meio a tantas perdas, com a população enfrentando, talvez, o que poderia ser o pior momento de suas vidas, a falta de empatia a surpreendeu. “Casas submersas, móveis boiando, pessoas à procura dos seus entes queridos e, enquanto isso, assaltantes aproveitavam para tentar saquear as residências vazias… e até a gente que estava no barco também. Lamentável”, relata Eduarda.
“Desculpa”
Em uma cena que comoveu a web, Eduarda chega a uma casa em que um cão da raça Rottweiller estava acorrentado, subnutrido, à beira da morte, em uma casa completamente alagada. Ela abraça o animal e pede ‘desculpas’. Pelos humanos que o abandonaram ali, sem ao menos dar a chance do salvamento, pelo descaso e falta de amor com um ser vivo… Em suma, pelo descaso dos tutores que deveriam ter zelado pela vida do cão e não o fizeram.
Medo ao anoitecer
Segundo a protetora, quando escurecia, era ainda mais difícil seguir na missão. “Não sabíamos se voltaríamos pra terra.Tinha uma hora que batia um medo terrível! Não dava pra enxergar nada na frente do barco… Então, a qualquer momento, poderíamos bater e virar com todos aqueles animais.”
Propósito
Passado o momento mais crítico da tragédia, perguntamos: o que a fez deixar o conforto da sua casa e ir ao Rio Grande do Sul resgatar os bichos e colocar, muitas vezes, a própria vida em risco? “Acredito que minha missão nesse mundo seja essa: salvar os animais. Sempre acreditei que Deus me enviou no propósito de ser a voz deles. Assim, estarei eternamente lutando por esta causa. Em resumo, foram mais de 100 vidas salvas! E eu faria tudo de novo!”