Ex-funcionário de empresa aérea expõe irregularidades após tragédia: “Voava pela fé”

A tragédia que aconteceu em Vinhedo na última sexta-feira (9) segue ganhando novos, e tristes, capítulos. Desta vez, ex-funcionários da VoePass, empresa que teve a queda do avião que matou 62 pessoas, expuseram irregularidades nas aeronaves.

Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, um deles, que preferiu não se identificar, denunciou a falta de manutenção dos aviões e ainda revelou um apelido que foi dado a um deles. “A gente tinha um avião que apelidava de ‘Maria da Fé’, porque só voava pela fé. Não tinha explicação como um avião daquele estava voando”, disparou.

Ele ainda afirmou que a empresa colocava a segurança em “segundo ou terceiro plano” e “visava mais o lucro”. Além disso, Henrique Hacklaender, diretor-presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, revelou ao programa que as reclamações sobre a empresa aumentaram depois da pandemia de Covid-19, em março de 2020.

“Os tripulantes têm percebido níveis de fadiga ainda maiores. Os relatos mais recentes da Passaredo [nome antigo da VoePass] com relação à área de manutenção são por conta do sistema de ar-condicionado, que vinha apresentando algumas precariedades”, declarou ao Fantástico.

DECISÃO DIFÍCIL

A tragédia que abalou Vinhedo na última sexta-feira (9/8) deixou marcas profundas em 62 famílias. Entre as vítimas, a pequena Liz Ibba dos Santos, de apenas 3 anos, teve sua vida interrompida de forma trágica. Sua mãe, a jornalista Adriana Ibba, que desde sábado (10) está em São Paulo, enfrenta agora a difícil tarefa de dizer adeus à filha de forma respeitosa e digna.

Adriana, ainda lidando com a perda, tomou a difícil decisão de cremar o corpo da filha em São Paulo, evitando a exposição adicional do corpo e o prolongamento de seu sofrimento. A mãe explicou que a decisão foi tomada para "dar um descanso" à filha, poupando-a de mais procedimentos e viagens desnecessárias. "Sei que ela já não está mais aqui, mas quero respeitá-la até o fim”, desabafou em entrevista ao jornal O Globo.