Agência da OMS classifica talco como potencialmente cancerígeno
ICARO Media Group TITAN
Nos últimos anos, o talco tem sido motivo de preocupação e debate, especialmente após declarações da Iarc (Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer), órgão ligado à OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre sua potencial carcinogenicidade.
O talco é um mineral amplamente utilizado em produtos cosméticos e de higiene pessoal, como pó de talco e maquiagem. Sua textura suave e capacidade de absorver umidade o tornam um ingrediente popular, mas também levanta questões sobre sua segurança.
Recentemente a Iarc classificou o talco no Grupo 2A, que indica que a substância é "provavelmente carcinogênica para humanos". A decisão foi baseada em estudos científicos que têm investigado a relação limitada entre o uso de talco na região perineal e o câncer, com alguns achados sugerindo um risco aumentado para certos tipos da doença, como o de ovário. A pesquisa que motivou o posicionamento foi publicada na revista Lancet e realizada no Centro Internacional de Pesquisa do Câncer (CIRC/IARC) e considerou casos de câncer de ovário em humanos e testes realizados em laboratório com cobaias.
Os especialistas dividiram o tipo de exposição ao talco em dois grupos: em um a exposição ao talco se dá no ambiente de trabalho, isto é na extração, manipulação e processamento do produto. No outro grupo a análise foi realizada sobre os usuários de cosméticos e outros produtos contendo talco. O primeiro grupo, que trabalha na extração estaria mais exposto.
Além disso, a OMS também considerou casos judiciais em que consumidores alegaram que o uso de talco contribuiu para o desenvolvimento de câncer. A gigante farmacêutica Johnson & Johnson está sendo processada por pessoas que a acusam de produzir talco com amianto. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o amianto, substância usada em várias indústrias, pode causar câncer no mesotelioma, ovário, pulmão e na laringe.
A empresa nega as acusações e parou de vender o produto nos Estados Unidos em 2023, além de ter fechado um acordo em 42 estados dos Estados Unidos para encerrar as disputas judiciais sobre o tema do talco.
O estudo publicado se concentrou em testar talco sem amianto, mas não exclui a possibilidade que os sujeitos em análise tivessem passado por exposição a talcos que contenham a substância. Os pesquisadores também ressaltaram a necessidade de mais estudos para poder ratificar a relação entre o talco a incidência de câncer.
A agência da OMS também classificou o acrilonitrilo, composto orgânico volátil utilizado na produção de polímeros, como "cancerígeno" para os seres humanos.
Embora tenha sido baseada em um estudo, a agência recebeu algumas críticas de setores acadêmicos e industriais por tornar o assunto sobre o potencial cancerígeno algo mais preocupante do que o necessário. Entre a lista do que a agência já classificou como cancerígeno também estão carnes vermelhas, trabalho noturno e, recentemente, o aspartame, sendo esta última inclusão alvo críticas por não considerar a quantidade necessária de uso do adoçante para que ocorra o aumento de risco.
O estudo pode ser acessado no site da Revista Lancet .
Quer ficar informado? Siga a TITAN no Facebook , X , WhatsApp e Telegram