Alimentos ultraprocessados causam mais mortes do que homicídios e câncer
ICARO Media Group TITAN
Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) revelou que os alimentos ultraprocessados são responsáveis por um número alto de mortes no Brasil. De acordo com a pesquisa, esses produtos levam a óbito cerca de 57 mil pessoas anualmente, superando o número de mortes causadas por homicídios, câncer de mama, câncer de próstata e acidentes de trânsito.
Os dados utilizados no estudo foram coletados a partir de informações abertas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o consumo de alimentos ultraprocessados. As informações foram separadas por sexo e faixa etária a partir dos 30 anos e cruzadas com os índices de mortalidade no Brasil durante os anos de 2017 e 2018 em comparação com 2007 e 2008.
Segundo um dos autores do artigo, o pesquisador Eduardo Nilson, "para evitar o aumento de mortes, o consumo deveria ter permanecido igual ao da década passada e não aumentado em 20%".
O estudo revelou que as mortes decorrentes do consumo de alimentos ultraprocessados ultrapassam as causadas por outros fatores preocupantes. Em 2023, o Brasil registrou 39.500 homicídios, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Além disso, 33.894 pessoas morreram em acidentes de trânsito no mesmo ano, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde com informações do Sistema de Informações de Mortes (SIM). Já o câncer de mama levou a óbito 18.139 mulheres em 2021, enquanto o câncer de próstata causou a morte de 16.055 homens no mesmo ano.
Diante desses números, especialistas afirmam que é necessário adotar medidas para reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados. Uma das propostas é a implementação do chamado "imposto do pecado", que consistiria em aumentar o preço desses produtos com o objetivo de diminuir seu consumo. De acordo com um estudo do Banco Mundial que será lançado este ano, um aumento de 10% no preço dos ultraprocessados reduziria em média 17% o seu consumo no Brasil.
Além das consequências para a saúde da população, a pesquisa da USP também destaca o impacto financeiro que o sobrepeso e a obesidade causam ao Sistema Único de Saúde (SUS). Estima-se que essas condições custem anualmente cerca de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.
Os resultados do estudo indicam que a redução no consumo de ultraprocessados teria um impacto direto na diminuição do número de mortes relacionadas a esses produtos. Caso a população reduza em 50% a ingestão desses alimentos, estima-se que 29,3 mil vidas poderiam ser poupadas a cada ano.
Apesar dessas evidências, a proposta de isentar esses alimentos do Imposto sobre Serviços (IS), que já estava prevista na reforma tributária enviada pelo governo, foi mantida. A justificativa é que os alimentos ultraprocessados são amplamente consumidos pela população de baixa renda. No entanto, críticos apontam que essa medida pode prejudicar a saúde da população mais vulnerável.
A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) também se posicionou contrária ao aumento da carga tributária sobre esses alimentos. Segundo o presidente executivo da Abia, João Dornellas, aumentar os impostos não resolverá as questões relacionadas à saúde da população e apenas tornará os alimentos mais caros para os brasileiros, principalmente os mais vulneráveis.
Quer ficar informado? Siga nossas redes no Facebook , X ou nossos canais no WhatsApp e Telegram .