Detentos do PCC recebiam tratamentos estético e odontológico em São Paulo
ICARO Media Group TITAN
A Polícia Civil e o Ministério Público revelaram uma investigação que expôs a prática de médicos e dentistas realizando procedimentos cirúrgicos e estéticos em membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) que estavam detidos em unidades de segurança máxima em São Paulo. De acordo com as autoridades, Marcola, um dos líderes do PCC, teria recebido aplicação de botox durante o cumprimento de sua pena. As investigações apontaram que, por trás desses procedimentos, estavam sendo utilizados subterfúgios para conceder regalias e benefícios aos detentos.
O promotor Lincoln Gakiya explicou que, além do caso do botox aplicado em Marcola, houve solicitações para que os presos recebessem procedimentos dentários, incluindo clareamentos dentais. Apenas membros com determinados status dentro da facção criminosa conseguiam ter acesso a esses atendimentos. A descoberta revelou que o PCC contava com os serviços da ONG Pacto Social e Carcerário, organização que teria sido criada para atender às demandas da facção.
As investigações tiveram início aproximadamente três anos atrás, quando uma visitante tentou ingressar na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, uma unidade de segurança máxima, com drogas e cartões de memória escondidos em suas roupas. Os itens foram apreendidos e analisados, juntamente com manuscritos de detentos, que indicavam a existência de crimes nos setores do PCC, categorizados em "gravatas", "saúde" e "financeiro".
Segundo as autoridades, os advogados do PCC eram responsáveis pelo setor conhecido como "gravatas" e tinham o papel de fornecer assistência jurídica, além de gerenciar outros setores da organização criminosa, como o da saúde. Os profissionais da saúde, por sua vez, não tinham conhecimento de estar atendendo membros do PCC, sendo escolhidos aleatoriamente, e cobravam valores acima do praticado no mercado, recebendo pagamentos por meio de depósitos não identificados, muitas vezes parcelados, com fundos provenientes de atividades criminosas intermediadas pelo setor financeiro da organização.
As autoridades ainda descobriram a existência de um quarto setor da facção, denominado de "reivindicações", responsável por ingressar com ações judiciais baseadas em denúncias falsas de tortura e outros abusos. O objetivo seria desestabilizar o sistema de justiça criminal e gerar descontentamento público com o estado. A ONG em questão também estaria envolvida na promoção de manifestações contra o sistema penitenciário, buscando o fim do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), regime mais rígido de cumprimento de pena.
Na manhã desta terça-feira (14), 12 mandados de prisões preventivas e 14 de busca e apreensão foram cumpridos, resultando na detenção de três advogados ligados ao setor "gravatas" do PCC, a mulher flagrada tentando entrar na prisão com drogas e pen-drives, o presidente e o vice-presidente da ONG, além de outros envolvidos que já se encontravam presos. As ações foram realizadas em diversas cidades do estado de São Paulo e em Londrina, no Paraná. A entidade teve suas atividades suspensas por determinação judicial.
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