Indígena Kaingang falece após acidente com fondue no Rio Grande do Sul

Na manhã desta sexta-feira (15), faleceu Jaqueline Tedesco, indígena de 26 anos da etnia kaingang, que havia sofrido um acidente com um aparelho de fondue em um restaurante na cidade de Rio Grande, no estado do Rio Grande do Sul. A informação foi confirmada pela advogada Aisllana Zogbi, que representa a família.

Jaqueline teve 30% do corpo queimado, incluindo o queixo, braços, seios e mãos, devido às graves queimaduras sofridas no sábado (9). Desde então ela esteve internada na UTI do Hospital Geral Associação de Caridade Santa Casa, mas a advogada não detalhou as circunstâncias que agravaram sua saúde e levaram ao falecimento.

O acidente aconteceu quando o rechaud, utensílio para a preparação do fondue, foi reabastecido com líquido inflamável por uma das funcionárias. Nesse momento houve uma explosão que atingiu Jaqueline, a mãe e a própria funcionária.  

A polícia civil cumpriu uma mandado de busca e apreensão no restaurante Le Petit, local do acidente, com o objetivo de averiguar um dispositivo de gravação que será encaminhado ao Instituto Legal de Perícias, pois os responsáveis pelo restaurante afirmaram que o dispositivo não guardava as imagens das câmeras. A Polícia também pediu às autoridades fiscalizadores que averiguem as condições de segurança e regularidade dos serviços prestados no restaurante. 

Ainda não há informações sobre o velório e sepultamento de Jaqueline. No entanto, uma missa em sua homenagem será realizada ao meio-dia desta sexta-feira na Catedral de São Pedro, localizada no centro da cidade de Rio Grande.

O advogado Affonso Celso Pupe Neto, que representa o restaurante Le Petit Rio Grande, onde ocorreu o acidente, expressou solidariedade aos familiares e afirmou que o estabelecimento irá fornecer apoio material para o custeio do funeral, conforme a escolha da família.

Jaqueline era a quarta indígena da etnia kaingang a se formar em direito pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Além disso, ela foi a primeira mulher indígena a ocupar a coordenação-geral do Diretório Central de Estudantes (DCE) da universidade. A jovem também era integrante da União Plurinacional dos Estudantes Indígenas (UPEI), que luta pelo acesso e permanência de indígenas em universidades do Brasil inteiro.

Uma testemunha do acidente, Mara Rodrigues, estudante de direito da FURG e também indígena da etnia kaingang, relatou que a noite que deveria ser de comemoração acabou se tornando um pesadelo. Segundo Mara, o restaurante não prestou assistência nem à Jaqueline, nem a uma garçonete que também se feriu no acidente. As duas foram levadas ao hospital por clientes.

O restaurante divulgou uma nota nas redes sociais em que expressa pesar pelo ocorrido, pede desculpas e afirma estar prestando assistência às vítimas.