Panamá suspende relações com Venezuela, países da OEA pedem reunião urgente
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O presidente panamenho, José Raúl Mulino, anunciou a retirada dos diplomatas panamenhos da Venezuela e a suspensão das relações bilaterais com o país, em resposta à vitória declarada do ditador Nicolás Maduro nas eleições desta segunda-feira (29). Segundo a autoridade, a decisão é tomada em nome do respeito à história do Panamá, às milhares de pessoas venezuelanas que escolheram o país como sua nova casa e às convicções democráticas.
Mulino pediu uma revisão completa das atas e do sistema de informática do escrutínio da votação, com o objetivo de conhecer a verdadeira vontade popular dos venezuelanos. Embora o Panamá e a Venezuela não tenham embaixadores mútuos, ambos possuem um corpo diplomático encarregado de manter as relações bilaterais.
Na semana passada, o presidente panamenho já havia criticado o governo venezuelano por impedir a decolagem de um avião com ex-presidentes latino-americanos que pretendiam acompanhar o pleito eleitoral no país. Segundo Mulino, as autoridades venezuelanas fecharam o espaço aéreo, o que impediu o deslocamento do avião.
Por sua vez, o Peru convocou seu embaixador na Venezuela para consulta. O ministro das Relações Exteriores do Peru, Javier González-Olaechea, comunicou através do X, que o embaixador peruano será convocado para consultas. Anteriormente, o chanceler já havia se manifestado sobre o resultado das eleições venezuelanas, condenando as irregularidades e alegando intenção de fraude por parte do governo.
A Venezuela, por meio de seu órgão eleitoral, proclamou Nicolás Maduro como vencedor das eleições. Com essa decisão, o ditador permance no cargo para cumprir o terceiro mandato consecutivo de seis anos. A oposição, no entanto, reivindica a vitória de Edmundo González Urrutia e denuncia fraudes no pleito.
Maduro teria obtido 51,2% dos votos, conforme informado pelo CNE, órgão responsável pela realização das eleições no país. Com 80% das urnas apuradas, o atual presidente obteve 5,150 milhões de votos contra 4,445 milhões (44,2%) de Edmundo González Urrutia.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou uma investigação contra a oposição ao presidente. Segundo o chefe do Ministério Público, a oposição, que é liderada por María Corina Machado, teria agido para tentar interferir nas eleições.
Países da América Latina, como Uruguai, Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru e República Dominicana, manifestaram sua preocupação com a falta de transparência nas eleições venezuelanas. Eles solicitaram uma reunião urgente da OEA para exigir uma contagem transparente dos votos.
O governo brasileiro, por sua vez, emitiu uma nota em que elogia o caráter pacífico da eleição, mas afirma que acompanhará com atenção o processo de apuração. O comunicado destaca a importância da publicação dos dados desagregados de cada sessão para garantir a legitimidade do pleito.
Manifestações em Caracas também expressaram rejeição à reeleição de Maduro, com protestos reivindicando que ele entregue o poder.