6 conceitos filosóficos bizarros usados na franquia Matrix
Mega Curioso
Grandes atuações, efeitos especiais, uma história envolvente... Com mais de 20 anos de história e quatro longa-metragens lançados, a franquia Matrix faz parte da cultura pop desde seu lançamento em 1999 e, sendo assim, volta e meia nos pegamos revisitando sua trama.
No entanto, muitos dos questionamentos apresentados em Matrix não eram necessariamente originais, mas conceitos filosóficos complexos e, às vezes, com séculos de existência. Por isso, aqui estão 6 conceitos filosóficos que Matrix incorporou em sua história.
1. Conceito de liberdade de Kant
(Fonte: Warner Bros/Reprodução)
A Crítica da Razão Pura é a principal obra da teoria do conhecimento do filósofo Immanuel Kant, publicada pela primeira vez em 1781. Nesta obra, Kant definiu seu conceito de liberdade, segundo o qual você deveria ser livre para se tornar o que você é capaz de ser.
O filósofo alemão acreditava que a liberdade seria um componente necessário à felicidade, ingrediente sem o qual seria impossível sermos felizes. Em Matrix, esse conceito é trazido à tela com frequência: pílula azul ou pílula vermelha? A cruel e dura verdade ou a mentira acalentadora? Certamente, quem vivia na Matrix era feliz, mas não era livre.
2. O Construtivismo de Jean Piaget
(Fonte: Warner Bros/Reprodução)
Criado no trabalho do suíço Jean Piaget, o construtivismo é uma tese epistemológica que defende o papel ativo do sujeito na criação e modificação do conhecimento.
No longa-metragem, o construtivismo tem papel crucial quando Neo — personagem principal, interpretado por Keanu Reeves — se junta aos demais libertos da Matrix e necessita aprender realidades novas. Todas as novas possibilidades ali, e as que foram elaboradas por eles, são fruto da teoria do conhecimento em conjunto.
3. A Máquina de Experiências de Nozick
(Fonte: Warner Bros/Reprodução)
Robert Nozick, em sua obra Anarquia, Estado e Utopia (1974), propôs uma experiência que demonstraria que o hedonismo, conceito que prega que o prazer como bem supremo, finalidade e fundamento da vida moral, seria falso. Para isso, propôs um experimento chamado de Máquina de Experiências.
Nozick dizia para imaginarmos uma máquina capaz de reproduzir experiências de prazer de maneira fiel às reais, a ponto de não sermos capazes de afirmar que não são reais. O filósofo nos questionava se estávamos dispostos a trocar uma vida "real" por essa vida de prazeres ficando plugados na máquina. Em Matrix podemos, novamente, retornar à cena da escolha da pílula. E aí, qual você escolheria?
4. O Cérebro no Jarro de Gilbert Harman
(Fonte: Warner Bros/Reprodução)
A ideia do Cérebro no Jarro afirma que a realidade é falsa e seríamos somente um cérebro em um jarro. De acordo com essa proposta filosófica, haveria um supercomputador responsável por alimentar os núcleos sensoriais de nosso cérebro com informações falsas, indistinguíveis do real.
Apresentada em 1973, Gilbert Harman dizia que outra possibilidade é que fôssemos corpos em mesas com eletrodos nos alimentando com informações sensoriais falsas. Bem, parece ser bem óbvia a relação com Matrix, não é mesmo?
5. O mito da caverna de Platão
(Fonte: Warner Bros/Reprodução)
Presente em A República (IV a.C.), de Platão, o Mito da Caverna narra um diálogo travado entre Glauco e Sócrates. Nele, Sócrates pede a Glauco para imaginar uma caverna subterrânea em que homens vivessem como prisioneiros, acorrentados desde sempre, vendo apenas sombras projetadas do que ocorreria fora da caverna em uma parede, a partir da luz de um fogo à frente deles.
O mito seria uma alegoria sobre a forma como vemos o mundo, crendo apenas no que enxergamos e sendo facilmente distraídos do que importa, ignorando a possibilidade de que haja uma realidade totalmente diferente da que conhecemos. Lembra da cena com a mulher de vestido vermelho no treinamento de Neo dado por Morpheus? Pois é...
6. Joseph Weizenbaum e a ausência de empatia na IA
(Fonte: Warner Bros/Reprodução)
Empatia é um conceito que evoluiu pelos caminhos da filosofia ao longo do século XX, principalmente. A ideia de se colocar no lugar do outro encontrou eco na tecnologia quando Joseph Weizenbaum criou o primeiro chatbot do mundo, capaz de simpatizar um pouco com os humanos.
Weizenbaum acreditava que se computadores entendessem as emoções humanas poderiam assumir cargos em que a empatia fosse elemento preponderante. Porém, ele também pensava que isso seria desastroso para a humanidade, pois lhes faltaria sabedoria, intuição e — ora vejam —, empatia. É o que vemos na Matrix, cujas máquinas tomaram o controle de nós e, no fim, a Inteligência Artificial nos escravizou.