6 crenças religiosas que mudaram com o tempo
Mega Curioso
Ao longo dos séculos, a vida como conhecemos foi sendo transformada até se tornar na que conhecemos hoje, e o mesmo se aplica para as crenças religiosas. Seja por questões políticas, ideológicas ou mesmo em adaptação às sociedades, as crenças acabaram se modificando.
É possível apontar certa beleza nestas mudanças, visto que elas permitiram que muitas pessoas passassem a ser atraídas a fazer parte destas religiões e suas congregações. Neste texto, veremos 6 crenças religiosas modificadas ao longo do tempo.
1. Poligamia
(Fonte: Vozes Mórmons)
A poligamia é um tema controverso, mas que já foi aceita pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida como Igreja Mórmon. Chamada de Casamento Plural, a prática visava aumentar o número de filhos do Senhor e foi permitida entre os anos de 1852 e 1890, quando foi oficialmente suspensa.
Woodruff - o presidente da Igreja na época — proibiu a prática para evitar uma possível perseguição do governo americano, já que a única modalidade de casamento permitida era a monogamia. Ratificada pela Suprema Corte, as leis antipoligamia passaram a confiscar propriedades da igreja, já que seus membros, em desobediência civil, a mantiveram por mais alguns anos.
2. Escravidão
(Fonte: Shutterstock)
Por mais absurdo que soe hoje, a escravidão já foi vista pelas religiões como oportunidade de salvação dos escravizados. As religiões cristãs, por exemplo, só começaram a enxergá-la como uma prática cruel e que deveria ser combatida em meados do século XIX. Já o Islã e o Judaísmo impunham tratamentos diferentes a escravizados dependendo de suas religiões.
Algumas das instituições religiosas do Brasil colonial, por exemplo, mantiveram pessoas escravizadas. Pesquisas recentes apontam para um número acima da média de muitas grandes propriedades rurais. Estes mesmos pesquisadores apontaram que para muitos integrantes da igreja, religião era uma coisa e negócios eram outra — e tudo isso em uma economia baseada no regime escravocrata.
3. Jesus… branco?
(Fonte: Super Interessante)
Se te pedissem para descrever a aparência de Jesus, você provavelmente retrataria um homem branco, barbudo, de cabelos castanhos e olhos azuis. Acontece que o Jesus histórico, como apontam especialistas, era moreno, baixinho e de cabelos aparados, algo próximo dos judeus de sua época.
A dificuldade de definir sua real imagem tem base nos próprios livros sagrados, já que o Novo Testamento não faz menção à sua aparência, o que parece indicar que isso deveria ser irrelevante para seus seguidores.
A construção moderna mais conhecida passou a ser construída durante o Império Bizantino, que passou a retratar a figura de Cristo como um ser invencível, semelhante aos reis e imperadores da época. Sem nenhuma orientação por parte das igrejas, a figura de Cristo foi sendo construída e reforçada pelas artes, com destaque para o Renascimento italiano, que popularizou o Jesus caucasiano e de olhos claros.
4. Céu e inferno
(Fonte: iStock)
O céu e o inferno rondam o imaginário coletivo da humanidade apesar de ser uma concepção relativamente recente nas religiões. A ideia de julgamento da alma, resultando em diferentes destinos, era rara nas culturas do Mediterrâneo que inspiraram as narrativas do Antigo Testamento. As pessoas cultivavam Deus (ou deuses, no caso dos politeístas) buscando uma vida feliz e realizada durante seu tempo na Terra, enquanto quem morresse iria, sem distinção, para um "Reino dos Mortos" sem recompensa ou punição.
Isso mudou por volta de 400 a.C., a partir do filósofo Platão, no caso dos politeístas. No dos cristãos, estas ideias chegaram mais tarde, por influência da filosofia helênica grega a respeito do pós-vida que passou a circular entre os judeus. O passo final para impulsionar esse ideal de Céu/Inferno vem com a perseguição dos mesmos judeus por governantes pagãos, que os forçava a abdicar de sua fé. Como forma de oferecer-lhes esperança, os pensadores judaicos propuseram o Juízo Final, em que todas más ações seriam corrigidas. O passo definitivo aconteceu na Idade Média, quando a Igreja Católica definiu a doutrina do Purgatório.
5. Politeísmo
(Fonte: Reprodução)
As crenças monoteístas surgiram somente a partir do último milênio a.C. e foram predominantes a partir da Idade Média. O surgimento das bases para o monoteísmo datam de 1353 a.C., quando o faraó Aquenáton desafiou o sistema religioso do Antigo Egito e determinou que cerca de 2 mil deuses não deveriam mais ser cultuados, restando apenas o deus Sol (Atón).
As três principais religiões monoteístas do mundo, Islamismo, Cristianismo e Judaísmo, surgiram no Oriente Médio e, ao contrário de hoje, conviveram em certa tolerância por um tempo. Alguns historiadores atribuem o ponto de partida dos extremismos religiosos ao fato de que, no monoteísmo, as bases não se consolidam apenas na crença de uma única divindade que seria a única com sabedoria absoluta e, consequentemente, a única responsável pela criação de todas as coisas do Universo.
6. A Terra no centro de tudo
(Fonte: Evergreen Core/ Reprodução)
Até meados de 1500 era consenso que a configuração do Universo tinha a Terra em seu centro, com todos os planetas e o Sol girando ao seu redor — teoria do geocentrismo.
O modelo geocentrista ia ao encontro da teologia da Igreja Católica Romana. Para impedir ruídos, o cardeal São Roberto Belarmino conduziu um tribunal, em 1616, que proibiu a teoria heliocêntrica — em que o Sol é o centro do Universo — e incluiu sua publicação na lista de livros proibidos. Isto fez com que a teoria de Copérnico ficasse relegada às sombras do pensamento científico, até que outros astrônomos comprovassem seus apontamentos.