A relação entre Olavo Bilac e o 1º acidente de carro no Brasil

No final da década de 1890, com a chegada do primeiro automóvel importado ao Rio de Janeiro, o poeta e jornalista Olavo Bilac quase causou uma fatalidade sem precedentes e até mesmo imprevisível. Por trás do volante do Serpollet de seu amigo José do Patrocínio, o escritor inaugurou os acidentes de trânsito no país enquanto dirigia a apenas 4 km/h, resultando na perda total do veículo.

Após retornar de uma viagem à Paris, França, em 1987, o jornalista abolicionista e fundador da cadeira número 21 da Academia Brasileira de Letras, José Carlos do Patrocínio, chegou à antiga capital do Brasil com uma novidade de encher os olhos dos cariocas: um Serpollet com motor a vapor. Inventado por Léon Serpollet, o meio de transporte chamou a atenção por ter o design de um triciclo, porém com uma caldeira que melhorava a dirigibilidade e aprimorava a eficiência.

(Fonte: Quatro Rodas / Reprodução)

“Trago de Paris um carro a vapor… O Veículo do Futuro, meus amigos. Um prodígio! Léguas por hora. Não há aclives para ele: com um hábil maquinista vai pelo Corcovado acima, garanto a vocês, pelo Corcovado acima, garanto a vocês, pelo Corcovado acima como um cabrito. Em meia hora faremos o trajeto do Largo do São Francisco ao Alto da Tijuca. Imaginem! É a morte de tudo, dos tílburis, dos carros, do bonde… até da estrada de ferro. Ficamos senhores da viação. É a fortuna.”, anunciou Patrocínio a seus amigos. 

O fatídico acidente de carro

Amigo próximo de Patrocínio, Olavo Bilac recebeu um convite especial e assumiu o volante do Serpollet, mesmo sem nunca ter tido contato com automóveis. E apesar das instruções dadas pelo dono do carro (que estava no banco do carona), o destino não podia ser diferente, e enquanto o jornalista se dirigia de Botafogo para a Estrada Velha da Tijuca, no Alto da Boa Vista, o veículo se envolveu em um acidente ao atravessar a primeira curva e colidir com uma árvore, a apenas 4 km/h.

O feito não chegou sequer a machucar Bilac ou Patrocínio, mas resultou em perda total para o Serpollet. Conforme relatos, a tragédia foi o primeiro acidente de carro já registrado no Brasil e o segundo que ocorreu no mundo, já que em 1896, em Londres, Bridget Driscoll foi morta em uma colisão após chocar seu veículo com o de Arthur James Edsall, que supostamente estava trafegando com velocidade acima do limite permitido.