As 'Criadoras de Anjos' de Nagyrév e seus assassinatos em série
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A pequena aldeia de Nagyrév, na Hungria, era movida a agricultura e seus habitantes seguiam tradições rígidas. A vida era difícil para as mulheres, principalmente devido aos abusos sofridos pelas mãos dos maridos. Mas esse status quo começaria a mudar em 1911, quando Julia Fazekas chegou à localidade.
A sábia Fazekas
Nagyrév raramente tinha médico fixo. Os cuidados ficavam por conta de algumas “mulheres sábias” que possuíam algum conhecimento medicinal e ofereciam serviços de cura e medicamentos aos moradores.
Julia Fazekas (Fonte: Murderpedia/ Pexels/ Reprodução)
Nesse cenário, Julia Fazekas não demorou muito para se tornar uma das mais respeitadas sábias curandeiras e parteiras. Curiosamente, apareceu sozinha: seu marido havia desaparecido de forma misteriosa há alguns anos.
Com o início da Primeira Guerra Mundial as coisas em Nagyrév mudariam de forma drástica. Os homens foram servir ao exército e, com isso, as mulheres ficaram responsáveis por todas as tarefas.
Além disso, devido à localização remota da pequena aldeia, logo ela se tornaria um local para campos de prisioneiros de guerra. Consequentemente, relacionamentos entre as mulheres locais e os prisioneiros se tornaram inevitáveis, assim como as gravidezes indesejadas.
Novamente, Julia entraria em cena: mesmo o aborto sendo ilegal na Hungria ela resolveu ajudar as mulheres que queriam realizar o procedimento. Aliás, chegou a ser presa pelo menos 10 vezes devido à prática. Mas seja por falta de médicos na aldeia ou de dinheiro que atingia a todos graças à guerra, foi absolvida.
A solução fatal
Por volta de 1918, os homens que foram para a guerra começaram a retornar ao lar. Com eles, o rigor do antigo modo de vida voltou a ser algo comum. Mas isso já não combinava mais com as mulheres que adquiriram independência e, muito menos, com o que pensava Julia Fazekas.
Algumas das cerca de 40 mulheres acusadas de envenenar suas famílias. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Em uma noite, uma mulher espancada buscou a médica. Enquanto lidava com os ferimentos da moça, Fazekas disse haver uma forma de acabar com aquilo.
A solução era o arsênico, substância que ela extraía habilmente de um papel impregnado do veneno comum na época. Logo, outras mulheres começaram a pedir sua ajuda para acabar com os abusos dos maridos.
Fazekas passou a chamar o seu grupo próximo de mulheres que envenenavam homens abusivos de Criadoras de Anjos. Havia algumas regras que deveriam ser cumpridas, como matar apenas aqueles que maltratavam as mulheres.
Mas era uma questão de tempo para alguém se desviar. Com o tempo, as Criadoras de Anjos começaram a matar seus pais, parentes com propriedades e irmãos com quem não se davam bem. Até crianças que não podiam ser sustentadas foram mortas.
Descoberta dos crimes
Alguns relatos conflitantes surgiram como razão para que as Criadoras de Anjos fossem identificadas. Mas, segundo Béla Bodó, historiadora húngaro-americana, tudo se tornou público com uma carta anônima endereçada ao editor de um jornal local acusando mulheres de envenenarem alguns homens . No final, 34 Criadoras de Anjos foram indiciadas, incluindo Fazekas. Duas até foram executadas.
Criadoras de Anjo caminhando para prisão de Szolnok
Durante os 16 anos em que viveu em Nagyrév, estima-se que Julia Fazekas tenha tido participação em cerca de 50 mortes. Mas há relatos indicando que ela e suas cúmplices executaram por volta de 300 pessoas. Mas nunca foi julgada: se matou quando descobriu que seria presa.