'Avenida da morte': a linha de trem assassina na Nova York de 1900
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No final de 1852, o trem apelidado "O Açougueiro", que trafegava entre a 10ª e 11ª Avenida West Side, em Nova York (EUA), transportando mercadorias de Albany ao centro da cidade por um bairro industrial de cortiços, havia causado a morte de 436 pessoas, segundo o Bureau of Municipal Research.
Pouco antes de 1906, quando o senador Henry Saxe se sentou com os burocratas ricos do Upper East Side e Lower Manhattan na câmara estadual para dizer que o trem precisava ser interrompido, o veículo já havia matado 200 moradores da região, em sua maioria crianças em idade escolar.
Mas os senadores se opuseram fortemente, alegando questões burocráticas e econômicas, como o custo que seria para redirecionar o trem e a rota de carga. Ou seja, no final das contas, ninguém se importava com o quão perigoso o trem era, mas sim que a vida dos pobres urbanos não importava tanto quanto a conveniência econômica dos homens do comércio mais ricos da cidade.
A guerra pública
(Fonte: Terminal Warehouse/Reprodução)
O governo só se mexeu após a morte prematura e perturbadora de um garoto em 1906, cujo corpo ficou mutilado sobre os trilhos do trem. Eles votaram a favor do projeto de lei Henry Saxe, que apresentaria um novo plano em 1908, ou a cidade condenaria a propriedade pertencente à Central Hudson Railway Company, onde o trem foi construído, para poder tomar o controle de suas operações.
Ainda no início do século XX, surgiu a primeira batalha da influência cívica sobre a indignação da classe trabalhadora desprivilegiada contra uma indústria capitalista, visando prioridades na infraestrutura urbana quando os interesses comerciais entraram em conflito com os direitos das populações, incorporando todos os elementos da época para uma reforma progressista.
(Fonte: Science Photo Library/Reprodução)
Em 25 de setembro de 1908, a guerra na "Avenida da Morte", como ficou conhecida, atingiu seu ápice quando Seth Low Hascamp, de apenas 7 anos, estava tocando e cantando com seus amigos no momento em que o trem o atropelou, formando uma massa de seu cadáver no chão.
A revolta social ganhou ainda mais força com a declaração do médico legista, que alegou que apenas o garoto era culpado por sua própria morte, não a Central Hudson Railway Company.
Um mês depois do acidente horrível, mais de 500 pessoas marcharam em protesto contra a circulação do trem, com muitos benfeitores ricos tomando partido da indignação da comunidade pobre massacrada pelo "boom" econômico e pela urbanização que os descartava.
(Fonte: History101/Reprodução)
A cidade recebeu propostas de várias entidades corporativas e organizações cívicas com ideias sobre o que construir para substituir o trem da Avenida da Morte, enquanto a empresa detentora da ferrovia fazia campanhas para tentar conquistar o interesse do povo.
O governo chegou a uma conclusão de como beneficiar a cidade das duas maneiras em 1929, com a crianção da antiga linha de trem High Line, que passava por cima de armazéns e fábricas em vez de ruas movimentadas. O empreendimento ficou pronto em 1934 e permaneceu até 1941.
Atualmente, o local é um parque suspenso muito prestigiado em Nova York.