Burnout: o que é e porque se tornou doença ocupacional?
Mega Curioso
A partir de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vai classificar o Burnout como doença ocupacional. Essa decisão havia sido tomada em 2019.
Com esse parecer, fica clara a responsabilidade do ambiente de trabalho no surgimento ou agravamento de novos casos — o que exigirá alguma postura das empresas na luta pela prevenção da chamada Síndrome do Esgotamento Profissional.
Mas, será que a Síndrome de Burnout é algo recente na nossa sociedade? Na verdade, não.
Primeiro caso de Burnout data de 1974
(Imagem: Shutterstock)
A rotina de trabalho do psicanalista alemão Herbert J. Freudenberger era intensa. Durante o dia, ele trabalhava por cerca de 12 horas corridas. À noite, ele tratava até dez dependentes químicos em uma hora.
Um dia, ele caiu de cama. A sensação que descrevia não era de um mero cansaço, daqueles que se resolve com uma boa noite de sono, mas de um completo esgotamento, como se, assim como a chama de uma vela, ele tivesse “queimado por completo” — e é daí que vem o nome dessa doença, da junção dos termos em inglês “burn” (queima) e out (exterior).
O termo foi cunhado pelo próprio Freudenberger. Ele se dedicou a estudar o tema e hoje suas pesquisas são ponto de partida para qualquer um que deseja estudar o assunto.
“Trabalhe enquanto eles dormem”
(Imagem: Shutterstock)
A frase acima é o presságio do Burnout. Isso porque suas causas estão relacionadas com a falta de descanso físico e mental — e o sono é o principal meio para esse descanso.
Além de dormir, a prevenção da doença pede que o indivíduo pratique atividades físicas, de lazer e evite a progressão de situações estressantes, como fazer hora-extra todos os dias ou assumir mais responsabilidades do que aguenta.
Obviamente, outras situações estressantes do ambiente corporativo, como o assédio moral, devem ser evitadas pela empresa.
A importância da classificação como doença do trabalho
A decisão da OMS é importante por várias razões. A primeira delas é que resolve um imbróglio jurídico, facilitando que pacientes tenham acesso a atestados médicos e auxílios, como o auxílio-doença e estabilidade de trabalho no pós-tratamento — tudo isso no caso da legislação brasileira.
Em segundo lugar, entender o Burnout como uma doença é importante para diagnosticá-lo e tratá-lo corretamente, uma vez que é fácil confundi-lo com um sintoma de outra doença mental, como a depressão.
Burnout: sintomas e tratamento
O tratamento inclui o uso de medicamentos e psicoterapia. O diagnóstico é feito por um médico psiquiatra ou psicoterapeuta.
Os sintomas mais comuns dessa doença são:
- estresse relacionado ao trabalho;
- uso constante de estimulantes para conseguir trabalhar (inclusive o cafezinho);
- momentos em “dá um branco” durante o expediente;
- insônia ou alteração no sono;
- fadiga;
- desmotivação;
- alterações na pressão arterial e apetite, entre outros.
Caso você desconfie que está com a Síndrome do Esgotamento Profissional (Burnout) procure ajuda profissional antes de comunicar a empresa.
Também é importante que os trabalhadores não normalizem situações de assédio, metas irreais, sobrecarga de trabalho ou outras situações que podem acarretar Burnout ou outras doenças.
Caso constate irregularidades, você pode denunciá-las ao sindicato da sua categoria, ao Ministério Público do seu estado (podendo ser anonimamente), à Secretaria do Trabalho (antigo Ministério do Trabalho), ao MP do Trabalho ou você pode abrir um Boletim de Ocorrência (B.O.) caso haja algum crime, como assédio sexual.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para a doença.