Como foi decidido o fim da Corrida Espacial?
Mega Curioso
Em 1950, foi o contexto da Guerra Fria que impulsionou a selvagem Corrida Espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética. Está enganado quem acredita que a disputa era apenas sobre pesquisa científica, engenhosidade tecnológica e recursos econômicos. Esses eram apenas os três pilares que sustentavam o propósito principal: a corrida armamentista.
Impulsionado pelos desdobramentos da Segunda Guerra Mundial , os programas espaciais americanos e soviéticos nunca foram puramente sobre ciência, os rivais usaram suas pesquisas para desenvolverem a capacidade de produção de mísseis balísticos intercontinentais e satélites espiões, em uma época em que qualquer agulha poderia arrebentar a bolha de tensão entre os países.
“Os empreendimentos científicos espaciais não são separáveis dos militares, nunca foram”, definiu o astrofísico Neil deGrasse Tyson.
Em primeiro lugar
Explosão do satélite Vanguard. (Fonte: Air and Space Museum/Reprodução)
Independentemente do propósito principal, qual das potências de fato ganhou a Corrida Espacial?
De acordo com a professora Jennifer Frost, da Universidade de Auckland, os soviéticos ganharam dos americanos no quesito “capacidade de voo”. Em 1957, a União Soviética lançou o bem-sucedido satélite Sputnik 1 em órbita terrestre; em 1959, pousou a Luna 2, a primeira nave espacial a atingir a superfície da Lua; mandou Yuri Gagarin, em 1961, para o espaço pela primeira vez na História; bem como a primeira mulher, Valentina Tereshkova, em 1963; e também fez a primeira caminhada espacial com Alexei Leonov, em 1965.
Satélite Sputinik 1. (Fonte: TimeToast/Reprodução)
Essa sucessão de “primeiros” causou uma grande crise de confiança nos EUA, sobretudo após o fracasso em rede nacional do lançamento do satélite Vanguard 1. Foi a partir dessa humilhação, que os americanos criaram a Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica (NASA), com a determinação de virar o jogo na corrida espacial.
“Os americanos sentiam que estavam em uma corrida, e a natureza de uma corrida é que, uma vez que você pensa que ganhou, você tende a parar”, apontou Piers Bizoney, o co-autor de Starman, uma biografia de Yuri Gagarin .
O aperto de mão
(Fonte: The Mirror/Reprodução)
Enquanto os soviéticos visavam estabelecer um poderio, inclusive uma base lunar e outras fontes de pesquisa se tivessem chegado primeiro na Lua, os americanos apenas queriam ganhar algo para poder encerrar uma disputa que ameaçava o ego deles.
O fato de não ser uma democracia teria permitido que a União Soviética gastasse mais dinheiro e organizasse os talentos de sua população de uma forma que os americanos não conseguiriam, visto que os políticos e a mídia perderam o interesse no programa lunar assim que Neil Armstrong cravou a bandeira norte-americana na Lua.
A confirmação disso é que o Programa Apollo continuou até 1972, com 12 astronautas pousando na superfície lunar, mas sem a exaltação governamental. Eles já haviam se cansado, portanto não demorou para o programa ser descartado.
Yuri Gagarin. (Fonte: Terra/Reprodução)
No final das contas, foi o presidente John F. Kennedy que estabeleceu o fim da corrida espacial quando declarou ao Congresso, em maio de 1961, que "tinha a intenção de vencer" ao colocar um homem na Lua até o final daquela década, diante da afronta que foi ver Gagarin orbitar pela Terra com sucesso.
Além disso, Kennedy também sofria com a pressão popular, visto que eram destinados bilhões de dólares para alimentar a máquina da corrida espacial, aumentando os índices de pobreza e desigualdade econômica no país. Então eles precisavam parar.
Em 20 de julho de 1969, quando Armstrong e Buzz Aldrin colocaram os pés na Lua, as chances soviéticas já haviam acabado 17 dias antes ao fracassarem no teste de seu próprio foguete lunar, nomeado N1, lançado de uma base no Cazaquistão. Eles encerraram o programa em agosto de 1974, após cinco tentativas frustradas que jamais foram anunciadas.
Para alguns historiadores, a disputa só foi realmente encerrada com a diplomacia entre as duas superpotências, em 15 de julho de 1975, durante a missão conjunta e simbólica Apollo-Soyuz, selada com um aperto de mãos entre os comandantes.