Como o primeiro presidente do Brasil abandonou a monarquia?
Mega Curioso
O marechal Deodoro da Fonseca é uma das figuras mais emblemáticas da História do Brasil , afinal, foi o primeiro presidente do país e o responsável pela Proclamação da República.
Historicamente, seu governo (1889 a 1891) é dividido em duas fases: a provisória e a constitucional. Teve sua imagem desgastada por várias decisões autoritárias e divergências políticas. Mas algo sobre a vida do marechal pouco comentado é que ele era, na realidade, um monarquista.
(Fonte: Wikipedia/Reprodução)
A virada
Segundo relatos da época, a mudança de direção do marechal Deodoro aconteceu durante uma reunião com outros dois personagens importantes da História do Brasil : Quintino Bocaiuva, que viria a ser o primeiro Ministro das Relações Exteriores da República, e Benjamin Constant, um dos principais articuladores do movimento republicano.
Durante as conversas, Deodoro deixou clara sua insatisfação com as decisões tomadas pelo gabinete ministerial imperial, então comandado pelo Visconde de Ouro Preto. A gota d’água foi a possível redução do poder da Marinha e do Exército por meio da transferência de diversas atribuições à Guarda Nacional, comandada por um civil.
Segundo alguns relatos de testemunhas da reunião, o próprio marechal deixou claro que abandonaria a monarquia dizendo: "Eu queria acompanhar o caixão do imperador, que está idoso e a quem respeito muito. Mas o velho já não regula bem, portanto, já que não há outro remédio, leve à breca a monarquia. Nada mais temos a esperar dela. Que venha, pois, a República".
Governo complicado
Apesar de curto, o governo do marechal Deodoro da Fonseca não foi fácil. O presidente não se saia muito bem como político. Além disso, suas decisões autoritárias causavam cada vez mais problemas entre ele e os parlamentares. Como se tudo isso já não bastasse, as coisas pioraram com uma série de nomeações feitas pelo líder da nação.
Deodoro da Fonseca. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Nesse último cenário, a do Barão de Lucena para o Ministério do Trabalho foi uma das mais problemáticas. Lucena era popular como monarquista e os republicanos brasileiros não gostaram muito dessa ideia. No acirramento dos ânimos, os parlamentares tentaram aprovar, em 1891, a chamada Lei de Responsabilidades, que, entre outros pontos, promovia a redução do poder do presidente.
Novamente, a resposta do marechal à iniciativa dos parlamentares foi mais autoritária ainda: decidiu pelo fechamento e dissolução do Congresso. Claro, nem os civis, nem os militares gostaram da atitude.
Um dos pontos altos desse período foi a Armada, composta por várias unidades da Marinha, que ameaçou bombardear o Rio de Janeiro caso o congresso não fosse reaberto e o estado de sítio interrompido. Em 23 de novembro de 1891, com a renúncia de Deodoro, seu vice, Floriano Peixoto, se tornou o segundo presidente do Brasil.