Como os bebês olham os objetos pode ajudar a identificar autismo
Mega Curioso
Entre as características mais comuns encontradas em indivíduos afetados pelo transtorno do espectro autista (TEA) estão as dificuldades nas interações sociais e os problemas na comunicação. Por isso, o TEA é um distúrbio muito difícil de ser diagnosticado antes dos 5 anos.
(Fonte: Cheryl Holt / Pixabay/ Reprodução)
Mas, de acordo com uma nova pesquisa conduzida pela Universidade da Califórnia em Davis, EUA, a maneira como os bebês olham para os objetos pode ajudar a prever se eles desenvolverão autismo no futuro. Segundo o estudo, a “inspeção visual incomum” observada em recém-nascidos constitui um forte indicador de que essas crianças desenvolveriam TEA em algum momento durante da infância.
O que é a inspeção visual incomum?
A chamada inspeção visual incomum consiste em uma série de comportamentos e características específicas sobre como os bebês examinam objetos e pessoas visualmente. Elas incluem, por exemplo:
- olhar para um único objeto por mais de 10 segundos;
- tentar ver alguma coisa com o olho fechado;
- segurar o objeto bem próximo ao rosto;
- olhar pelos cantos dos olhos.
Vale observar que, já na primeira semana de vida, os recém-nascidos tendem a dar uma atenção especial aos olhos dos outros, algo que vai se intensificando com o passar dos meses. Por isso, os comportamentos citados são chamados de incomuns, uma vez que apontam para o oposto, para uma espécie de desinteresse ou forma pouco convencional de analisar as coisas.
Por que isso é importante?
De fato, a ciência já tinha conhecimento de que, no caso das crianças com autismo, o contato visual diminuído e extremamente diferenciado era uma marca do TEA para toda a vida.
(Fonte: Pexels / Pixabay/ Reprodução)
No entanto, o que a pesquisa da Universidade da Califórnia demonstrou, é que a exploração ou inspeção visual incomum de objetos, já durante os primeiros meses de vida, pode ser um novo sinal a ser considerado para a triagem e diagnóstico precoce do transtorno do espectro autista.
Para Meghan Miller, professora associada do Departamento de Psiquiatria e Ciências do Comportamento e também integrante do Davis MIND Institute, e principal autora do estudo, os resultados observados nos bebês de 9 meses “sugerem que a inspeção visual incomum de objetos pode preceder o desenvolvimento dos sintomas sociais característicos do TEA”.
Foram avaliados 147 recém-nascidos, sendo que 89 deles pertenciam ao grupo de alto risco, ou seja, seus irmãos mais velhos têm TEA.
Por que é fundamental o diagnóstico precoce?
Crianças com transtorno do espectro autista, muitas vezes, têm grandes dificuldades em seguir um currículo escolar padrão. Com isso, o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades são prejudicados.
(Fonte: lascot studio / Pexels/ Reprodução)
Todavia, pesquisas como a realizada pela professora Meghan Miller e sua equipe, trazem a esperança de ser possível diagnosticar o TEA mais cedo (entre 0 e 3 anos) de maneira que os atrasos no desenvolvimento dessas crianças possam ser compensados.
Isso significa a chance de mudar completamente suas trajetórias com intervenções comportamentais e outras ações que lhes permitam adquirir habilidades e, até mesmo, integrarem uma escola regular e grupos sociais sem grandes dificuldades.