Como os patinadores artísticos não ficam tontos?
Mega Curioso
Com as Olimpíadas de Inverno na TV, muitos esportes com os quais não estamos habituados passam a fazer parte do nosso dia a dia, entre eles a patinação artística. Mas, você já se perguntou como e por que os atletas conseguem fazer saltos, pulos e rotações sem ficar minimamente tontos?
A resposta para essa pergunta está no vestibular. Calma, não na prova, mas no aparelho vestibular do patinador. Quer entender como isso é possível? Vamos te mostrar!
O aparelho (ou sistema) vestibular e a tontura
(Fonte: NY Daily News)
O nome é curioso, mas o aparelho vestibular, comumente chamado de sistema vestibular, é um grupo de órgãos localizados no ouvido interno dos vertebrados como nós. Ele tem como função a manutenção do nosso equilíbrio.
Em nós, humanos, o sistema é composto por três canais semicirculares que se fundem numa região central conhecida como vestíbulo. Pois é ali, nesses canais cheios de líquidos, onde estão as células ciliadas — receptores sensoriais do sistema auditivo — que a tontura ocorre. Isso porque quando você se move, o fluido também o faz, de forma a estimular as células a enviar ao seu cérebro a informação sobre o movimento.
Porém, por conta da inércia, quando a rotação é muito rápida, esse processo se torna um pouco confuso. Assim, quando você e o fluido interno se movimentam na mesma direção e velocidade, as células ciliadas deixam de enviar sinais ao cérebro. Quando você para, o impulso fará o fluido seguir se movendo, de maneira que seu cérebro pense que você está em movimento, quando não está. Essa confusão é o que faz você ficar tonto.
Ok, mas os patinadores não ficam tontos por quê?
(Fonte: Incrível Club)
A resposta para isso está no que separa aquela volta na pista de patinação do shopping da atuação de profissionais (além do talento, é lógico). Atletas de alto rendimento são treinados a utilizar estratégias de controle da tontura. Então não pense que eles são super-heróis.
Patinadores artísticos também ficam enjoados com a sequência de giros e saltos, mas a carga de treinamento e os anos de repetição dos exercícios permitem que o aparelho vestibular destes atletas esteja acostumado, possibilitando as rotações múltiplas, saltos e sequências em um único programa.
O aprendizado dos atletas leva tempo. Iniciantes dificilmente elaboram uma rotina com mais do que duas rotações. A quantidade de giros é aumentada conforme os treinamentos e a evolução do patinador na pista. Um nome importante para a evolução da patinação como esporte foi o treinador russo Alexei Mishin.
Alexei Mishin: amigo dos patinadores, inimigo da tontura
Com 80 anos, Alexei Mishin é um nome que nunca será esquecido na patinação artística. Ex-patinador artístico que competiu representando a antiga União Soviética, Mishin conquistou medalhas em campeonatos europeus, além de um honroso 5º lugar nas Olimpíadas de Inverno de Grenoble, na França.
Após pendurar os patins, tornou-se um prestigiado treinador, acompanhando e moldando nada menos que três campeões olímpicos, além de outros notáveis patinadores russos. Mas o feito mais interessante de Mishin foi realizado com a ajuda de engenheiros.
Eles desenvolveram um simulador de rotações que auxilia a treinar o sistema vestibular: trata-se de um disco giratório com um motor. Esse aparelho permite ao atleta aprender a manter o equilíbrio, se preparando para executar os mais belos saltos no gelo. Esse aparelho, hoje, é utilizado por todas as melhores equipes do mundo.