Da mitologia à literatura: a origem histórica dos elfos
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Os elfos são figuras mitológicas bastante conhecidas e que aparecem na literatura há séculos. É provável que você lembre deles dos romances de J.R.R. Tolkien, mas a verdade é que eles já apareciam em textos bem mais antigos.
Provenientes da cultura nórdica e céltica, os elfos eram bastante comuns na literatura medieval. Eles foram designados primeiramente pela palavra Alfs ou Alfr, que tem a mesma origem de "alvo", "branco". Portanto, seu mito é de que são seres belos e luminosos, semelhantes a fadas, e que têm poderes especiais. Eles viveriam em reinos encontrados dentro de florestas ou em troncos ocos de árvores.
Da mesma forma que as fadas, os elfos também eram considerados pequenos metamorfos (seres capazes de mudar de forma). No entanto, eles assumem imagens diferentes nas culturas em que foram retratados. Os elfos ingleses, por exemplo, costumam ser descritos como velhinhos, embora as donzelas elfas fossem quase sempre jovens e bonitas. Já na trilogia O Senhor dos Anéis, de 1954, esses seres são mostrados como altos e belos.
A origem dos elfos na cultura medieval
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Os elfos são figuras muito antigas no folclore e, embora os pesquisadores acreditem que eles tenham surgido na mitologia nórdica, aparecem na tradição de diversos países da Europa. Seus primeiros registros na literatura data do século XV — a mesma época em que histórias e lendas sobre fadas e duendes também começaram a ser difundidas.
Sua identidade dentro desses textos é o de serem personagens travessos e responsáveis por provocar ocorrências estranhas. Havia uma espécie de tradição de que, quando um bebê nascia com alguma marca, se dizia que ele havia sido "marcado por um elfo". Por vezes, eles também eram "acusados" de coisas mais graves, como de roubar pão, gado e até crianças.
Por isso, os elfos nem sempre apareciam como seres bonzinhos. No Eddas, coletâneas de textos tradicionais da cultura escandinava compilados no século XIII, os elfos aparecem em três configurações: os brancos, que eram bons, e os escuros ou cinzentos, que eram perversos.
Mas talvez seja na Islândia que estes pequenos seres tenham adquirido maior influência cultural. Durante muitos séculos — numa crença que permanece até hoje, em alguns locais — a existência de fadas e elfos era vista como real. Os islandeses acreditam em figuras mitológicas chamadas "huldufolk" (pessoas ocultas), que seriam a sua versão dos elfos.
Os elfos na literatura moderna
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Com a urbanização e a industrialização nos séculos XIX e XX, os elfos foram ressignificados na literatura. A princípio, eles desapareceram dos textos, pois eram considerados típicos de uma cultura popular mais atrasada.
No entanto, algumas obras trouxeram novamente os elfos enquanto uma ideia que poderia estar presente na alta literatura. Eles aparecem, por exemplo, na peça Sonho de uma noite de verão, escrita por William Shakespeare entre 1594 e 1596.
Outra lenda responsável por trazer os elfos de volta à literatura é a do Papai Noel. A tradição natalina moderna descreve os ajudantes do Papai Noel no Polo Norte como elfos que trabalham o ano todo na produção de brinquedos. Em alguns textos, como The Night Before Christmas, escrito por Clement Clark Moore em 1822, o próprio Papai Noel é descrito como um "elfo velho e alegre".
Mas certamente uma obra muito relevante na difusão desta mitologia é a trilogia O Senhor dos Anéis. Nela, os elfos são um pouco maiores que os humanos e são extremamente bonitos, com traços quase angelicais. Os personagens construídos por J.R.R. Tolkien foram inspirados em seus estudos profundos sobre folclores célticos, germanicos e escandinavos.