Dia da Amazônia: a riqueza do patrimônio natural brasileiro
Mega Curioso
O Dia da Amazônia é celebrado todos os anos no dia 5 de setembro, uma data marcada para exaltarmos a importância de um dos maiores patrimônios naturais da Terra e lar para uma biodiversidade deslumbrante. Mesmo assim, todos os anos essa riqueza ecológica é cada vez mais atacada pelos atos humanos.
Segundo um estudo publicado na revista Nature, a série de incêndios florestais que atingiram a Amazônia entre 2001 e 2009 deixou grandes estragos. Estimativas mostram que uma área entre 103.079 e 189.755 km² da floresta amazônica foi impactada nesse período e 3 em 4 espécies de árvores ameaçadas de extinção tiveram seus habitats incendiados. Portanto, precisamos falar sobre a importância de manter essa natureza viva.
Natureza em risco
(Fonte: Wikimedia Commons)
A saúde da Amazônia aparece cada vez mais em jogo. Segundo os dados da pesquisa MapBiomas, a qual possui mais de três décadas de dado sobre o uso de terra no Brasil, demonstra que o desmatamento da floresta amazônica cresceu 10% somente em 2020. E o mesmo é válido para as queimadas, que crescem em proporções astronômicas e afetam diretamente a saúde de espécies de plantas e animais ameaçados de extinção.
Na visão do pesquisador Caio Mattos, explorador do National Geographic (Nat Geo) e especializado nos impactos da mudança climática na Amazônia, esses números são catastróficos. "Temos que entender que a Floresta Amazônica é o resultado da união de várias camadas de vida, das maiores árvores até os menores fungos e bactérias. À medida que a floresta vai perdendo essas partes, ela vai perdendo sua resiliência, assim como nós humanos ficamos doentes à medida que perdemos e não repomos os nutrientes dos quais precisamos", explicou.
Mattos ressalta que, caso nada seja feito, vastas áreas da Amazônia podem colapsar devido à perda da biodiversidade. "O desmatamento, as queimadas e a poluição dos garimpos dizimam partes cruciais desse sistema, e o tornam extremamente vulnerável ao colapso", concluiu.
Mudanças climáticas
(Fonte: Caio Mattos/Divulgação)
Se não bastasse o agravante cenário causado pelas queimadas e desmatamento, que em sua maioria é fruto do aumento da procura para abrir espaço para o pasto e criação de gado, o aquecimento global também é um importante fator de risco para a floresta amazônia.
Como especialista nessa área, Mattos relembra que três episódios de seca muito extremas mataram milhões de árvores em toda a região, elevaram o número de incêndios, provocaram diminuição no nível dos rios e inclusive atrapalharam o transporta da população local entre 2005 e 2015.
O aumento da duração das secas vem causando um "estresse crônico" para as florestas. Dessa forma, a Amazônia estaria trocando suas espécies por outras mais resistentes à seca e liberando mais gás carbônico do que absorvem. "Isso tende a piorar as mudanças climáticas, e entramos em um ciclo vicioso em que a floresta vai cada vez sofrer mais com menos chuvas e mais secas extremas", explicou.
Ressaltando a biodiversidade
(Fonte: Projeto Mantis/Divulgação)
Se por um lado a ação humana parece vir prejudicando a saúde da Amazônia, muitas pessoas trabalham nos bastidores para mostrar ao mundo a importância da riqueza natural do lugar. Esse é o caso do Projeto Mantis, uma organização independente que nasceu como projeto universitário e hoje realiza pesquisas sobre novas espécies de louva-a-deus.
Criadas pelos pesquisadores João Felipe Herculano e Leonardo Lanna, que também trabalham como exploradores para o Nat Geo, o grupo recentemente realizou a expedição "Austral: Mantis da Amazônia", onde permaneceram dois meses na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Cristalino, no Mato Grosso.
" Normalmente, em uma noite de busca por louva-a-deus, a gente encontra de 4 a 10 indivíduos, o que já é um sucesso. Lá chegamos a encontrar 33 em uma única noite. E claro, encontramos diversas espécies novas, nunca descritas pela ciência", ressaltaram sobre o período de pesquisa.
Apesar de trabalharem com o louva-a-deus como símbolo do projeto e único objeto de pesquisa, os pesquisadores também realizam fotografias de diversas outras espécies para divulgar a riqueza da viga selvagem no Brasil. "Nós erguemos isso como uma bandeira para tratarmos de conscientização ambiental, conservação, ciência e arte", explicaram.
Importância do Dia da Amazônia
(Fonte: Projeto Mantis/Divulgação)
Quando perguntados sobre como enxergam a importância do Dia da Amazônia, ambos os entrevistados alcançaram um ponto incomum: é uma data importantíssima para que a população brasileira lembre sobre a real força representativa da floresta amazônica.
"O governo cortou os recursos de institutos de pesquisa e monitoramento responsáveis por dados críticos para entendermos o que está acontecendo com a Amazônia. Nesse momento, é necessário que a população se mobilize para pressionar as autoridades e as empresas que financiam o desmatamento, não só para restituir essas diversas proteções, mas também para aprimorá-las", cobrou o biólogo Caio Mattos.
Já para os pesquisadores do Projeto Mantis, o recado deve ser de respeito e aprendizado. "Hoje a Amazônia é muito explorada de forma negativa - esgotar, destruir e usurpar a vida que ela produz. Acreditamos que a melhor forma de explorá-la é como sempre fizeram os povos originários - buscando descobrir, conhecer, respeitar e aprender para poder proteger e conservar este que é o coração do nosso mundo", concluíram.