'E fora do story, você está bem?': o perigo da aparência nas redes sociais
Mega Curioso
A necessidade de estar nas redes sociais, mediante, quase, à obrigação da recompensa, aumenta a ansiedade e esta, por sua vez, causa aflição. Isso, por si só, já é um pedido de ajuda, uma urgência de ser visto. Vamos partir do princípio que, se a pessoa não quisesse ser vista, não publicaria nada em sites como Instagram, Facebook, etc., a não ser que tenha uma conta apenas para publicar paisagens sem aparecer e o nome de usuário se chame "paisagem" (com o perdão da ironia).
Resumidamente, publicar-se nas redes sociais é sempre uma maneira de querer ser visto, seja profissional, seja pessoalmente. A questão é que somos narcisistas por natureza, faz parte do instinto de sobrevivência sermos vistos e, assim, conquistar o grupo ou o(a) parceiro(a). Também serve para buscar segurança em si mesmo e correr atrás das conquistas. Está relacionado também à reprodução, para manter a espécie como organismo. Por isso a necessidade de ser visto para conquistar, — somos semânticos, uma necessidade pode não ser objetiva e sim pluralizada, pois cada ser carrega em si sua intenção objetivando as postagens. Significa, portanto, organizar, arrumar, iluminar o "palco virtual que seu avatar pisa", que nem sempre corresponde aos bastidores da vida real.
Existe um ciclo vicioso de enganação generalizada: a pessoa pensa que a vida do outro é melhor, mas a questão não é apenas o outro fazer parecer ser melhor; vivemos uma cultura em que ter dinheiro é melhor. E muito de quem induziu isso foi a música, principalmente as de ostentação. Tem a ver com a diferença social — a ostentação é uma demonstração de medo de estar em uma condição que não deseja. Por isso, ouve-se dizer que pessoas que são ricas de berço não ostentam, pois aquilo é normal para eles. Já emergentes precisam mostrar o que antes não tinham, por medo e insegurança, bem como demonstração de capacidade, esta que parece não ter sido merecida ou incentivada.
Por mais que você pense que o que postaram pode não ser real, prendemos-nos naquilo que vemos... Nosso cérebro tem impacto diferente do que se imagina e do que se vê. Os engramas são formatados por imagens vistas de forma muito mais predominante do que as imagens criadas. Portanto, por mais que se pense que aquilo promovido não é real, acredita-se no que vê. A imagem vem sempre muito carregada de afetos e causa extrema emoção positiva ou negativa.
Agora vem o problema maior: não são todas as pessoas que estão preparadas para enganar e serem enganadas. Há personalidades que inconscientemente se afetam com a mentira do que estão propagando. A consciência de saber que estão enganando alguém cria uma pendência que aumenta a ansiedade e esta, por sua fez, frustra, já que traz a percepção de que é uma fraude; isso coloca essas pessoas para baixo, tentando buscar ações que as façam liberar neurotransmissores da recompensa, buscando mais dinheiro e ostentação a todo custo. Como em um ciclo que pode ter um final infeliz.
Toda pendência gera ansiedade. Dizer ou fingir que é o que não é gera pendência por não ser, aumentando a ansiedade e causando disfunção no sistema límbico, região do cérebro da emoção, trazendo perturbações que podem levar à depressão, a transtornos ou síndromes, entre outras enfermidades cerebrais e consequentemente físicas.
No futuro próximo, o melhor dos remédios será a liberdade, viver com pensamentos isentos, paixões, emoções, verdades, portanto ser você mesmo será a maior libertação. Faça o teste e me diga a sensação.
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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do Mega Curioso, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências pela EBWU na Flórida e tem o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa. Mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; pós-graduado em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal; pós-graduado em Neurociência, Neurociência aplicada à Aprendizagem, Neurociência em Comportamento, Neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil. Especialista avançado em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, na The electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks e Neuroscience em Harvard nos Estados Unidos. Bacharel em Neurociência e Psicologia na EBWU na Flórida; licenciado em Biologia e também em História pela Faveni do Brasil; especialista em Inteligência Artificial na IBM e programação em Python na USP; MBA em psicologia positiva na PUC.