FAST: o radiotelescópio que tenta se comunicar com vida alienígena
Mega Curioso
O Radiotelescópio Esférico com 500 metros de Abertura (FAST) foi construído entre 2011 e 2015 no condado Pingtang, província de Guizhou, sudoeste da China, e se tornou o maior radiotelescópio do mundo.
Esse enorme olho cinza mirando o céu custou cerca de US$ 180 milhões para os cofres chineses, e causou o realojamento de mais de 8 mil pessoas da área para que fosse criado um raio de “silêncio” ao redor do aparelho.
(Fonte: Magazine Plus/Reprodução)
Após 3 anos de testes e comissionamento, o telescópio começou a sua operação oficialmente em janeiro de 2020, com o objetivo de observar fenômenos do espaço profundo, como pulsares, que os cientistas acreditam que possa nos dar uma visão de como o Universo foi feito e a natureza dos “estados extremos da matéria”.
No entanto, desde que o FAST abriu suas portas para os cientistas, ficou claro que os pulsares não são as únicas coisas que o governo da China visava analisar quando construiu o imenso telescópio.
Vendo além
(Fonte: China Daily/Reprodução)
Como apontou uma matéria do The Atlantic em 2017, o novo telescópio chinês também foi construído com o intuito de identificar sinais que possam confirmar a existência de vida extraterrestre.
O país tem a tradição astrológica mais antiga do mundo, com cerca de 3.500 anos, então o seu interesse não é nem um pouco novidade. Enquanto os Estados Unidos mantêm seu programa Search for Extraterrestrial Intelligence (SETI) através de doações de contribuintes privados, em vez de ser custeado pelo governo como acontecia na década de 1990, a China não poupa esforços para mostrar o que têm tentado fazer, gastando milhares de dólares em equipamentos como o FAST e pesquisas ousadas de exploração espacial.
Mas os chineses querem mais, especificamente, estar à frente de uma possível corrida espacial do século XXI quando esta finalmente acontecer — se é que vai. Em termos de política externa, o governo de Xi Jinping adotou uma abordagem insular, rejeitando a tecnologia e o comércio estrangeiro, gerando um custo enorme para o país no cenário mundial.
Os perigos de ir além
(Fonte: The Guardian/Reprodução)
O que escritores de ficção e roteiristas de filmes de milhões de dólares já nos mostraram em suas distopias desde Independence Day (1996) sobre a possibilidade de uma inteligência extraterrestre poder destruir a civilização humana, parece não ter sido o suficiente para fazer os cientistas pararem de tentar se comunicar com o que vive no espaço profundo.
Stephen Hawking falava publicamente desde 2010 sobre seus temores de sermos exterminados por uma civilização alienígena. Em um evento de mídia em 2015, ele observou que os seres humanos têm o habito de maltratar e massacrar outras culturas humanas que são menos avançadas tecnologicamente, e questionou porquê os alienígenas seriam tão diferentes — visto que ninguém tem ideia de como essas formas de vida se parecem ou poderiam responder a qualquer tipo de contato.
(Fonte: National Geographic/Reprodução)
“Esses alienígenas talvez se tornassem nômades, procurando conquistar e colonizar qualquer planeta que pudessem alcançar”, disse Hawking em um episódio de Into the Universe with Stephen Hawking, um programa que foi ao ar no canal Discovery Channel.
Sobre o projeto Breakthrough Listen, que visa procurar comunicações extraterrestres inteligentes no Universo, o cientista salientou que: “Uma civilização lendo uma de nossas mensagens pode estar bilhões de anos a nossa frente. Nesse caso, eles serão muito mais poderosos e podem não nos ver como ninguém mais valioso do que vemos bactérias”.
No final das contas, apesar de anos de discursos óbvios sobre o que poderia nos acontecer, governos como o da China ainda insistem em sua empreitada para se comunicar com o cosmos. Agora com o FAST, talvez nós consigamos ouvi-los, apesar de não estarmos prontos.