Fluidos corporais dos gladiadores já foram usados como cosmético
Mega Curioso
Durante o reinado do Império Romano , a sociedade cultuou um sentimento confuso pelos gladiadores. Por um lado, eles foram desprezados por serem escravos, treinados sob condições brutais, marginalizados e segredados dos romanos livres, cuja única utilidade era servir como lutadores que forneciam entretenimento aos civis; pelo outro, porém, os gladiadores também foram admirados, enaltecidos e celebrados — especialmente os mais bem-sucedidos que conseguiram se livrar da vida cíclica de "atração de show".
A transição da imagem selvagem de grande força física desses lutadores determinou o momento em que a sociedade passou a explorar seus atributos físicos de maneira praticamente religiosa.
O elixir de gladiador
(Fonte: Fine Art America/Reprodução)
Enquanto na modernidade fãs de celebridades pagam até fortunas para obterem algum item pessoal de seu ídolo, na Roma Antiga as mulheres foram mais longe: elas pagaram para ter um frasco de suor de gladiador.
A sujeira e suor acumulados na pele desses homens foi comercializada como o cosmético mais refinado de toda a Roma. Por custar caro sua extração, esse "elixir" poderia ser adquirido apenas pelas mulheres ricas.
Naquela época, as prostitutas desfilavam com roupas e acessórios dos mais belos em seus corpos, portanto as mulheres de classe alta tiveram que encontrar uma maneira natural de suplantar esse nível de beleza.
Strigil. (Fonte: Pinterest/Reprodução)
O suor, por incrível que pareça, melhorou a hidratação da pele da mulher, bem como sua iluminação, que ganhou um toque natural, tornando o produto o equivalente a um dermocosmético com triplo ácido hialurônico em sua composição.
E dessa forma elas puderam adicionar o produto ao grupo de perfumes como um dos itens aristocráticos da época.
O "moletom do guerreiro"
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
O suor dos gladiadores ficou conhecido como o "moletom do guerreiro". O produto, além de supostamente realçar a beleza feminina, também significava status e era sinônimo de orgulho.
Coletado depois que o lutador vencia a guerra, os farmacêuticos extraiam o fluido com o strigil, uma ferramenta que servia para raspar o óleo corporal dos homens, e o armazenava em potes antes de ser vendido.
Muitos romanos usaram o suor como perfume para tentar atrair as mulheres pelo faro e seduzi-las por um suposto "cheiro de vencedor", misturando ervas, plantas e especiarias para incrementar o poder afrodisíaco de gladiador.
(Fonte: Harbean House/Reprodução)
Mas o mercado de beleza não se restringiu apenas ao consumo do suor, ele embarcou em práticas mais macabras, como o uso de sangue de gladiador. Quanto mais famoso e bem-sucedido o lutador, mais potente se acreditava que o seu sangue ficava. Após coletado dos ferimentos, o líquido era vendido para ser bebido puro ou misturado com vinho.
O sangue também foi direcionado em práticas de cura, principalmente no tratamento da epilepsia — que ninguém sabia o que se tratava. O naturalista romano Plínio, o Velho, descreveu que os pacientes tinham o hábito de beber o sangue em goles fartos.
Até hoje resta a dúvida de a que ponto a indústria de suor de gladiador chegou para se comprometer com seus compradores assíduos.